domingo, 7 de dezembro de 2008

Elmar Carvalho

Aos poucos, como num jogo de dama, em que as peças são “comidas”, os velhos casarões de Campo Maior vão desaparecendo, sem que se faça alguma coisa. Quando menos se esperar, como no texto bíblico, não restará pedra sobre pedra dos velhos solares, que representam toda uma paisagem arquitetônica, humana e sentimental, desencadeando a saudade de várias gerações, que os contemplaram em diferentes quadras de sua vida. O velho bardo Manuel Bandeira, em versos admiráveis, que se ajustam como uma luva perfeita ao que estou tentando transmitir, disse que iam destruir a sua casa, mas que seu quarto ia ficar de pé, suspenso no ar. Se nada for feito, esses antigos edifícios, impregnados da tessitura do tempo, prenhes de mistérios, recordações e saudade, irão desaparecer, deles apenas restando, se restar, uma fotografia, e a saudade “suspensa no ar” e no coração de uns poucos, que aos poucos, pela lei da vida, também irão morrendo. Dez anos atrás, em discurso, denunciei o abandono e o estado de ruína da histórica Zona Planetária. E os “planetas” terminaram se indo, com toda a memória de uma época de fastígio e riqueza, oriunda do gado e dos carnaubais.

Emar Carvalho é escritor, contista, cronista, poeta, juiz de direito; pertence a Academia Piauiense de Letras e piauiense de Campo Maior.
Foto: Museu do Paulo&Bitorocara+news

5 comentários:

Anônimo disse...

Sr. Elmar, poderia contar pra nós onde ficava este casarão?

Anônimo disse...

Posso até estar enganado mas o casarão aí é onde funcionou o hotel do velho Zéca Mendes, avô duma penca de meninos bons (ZéHenrique, Zé Luis, Careca...) na avenida Vicente Pacheco, que acabava prum beco que ficou conhecido como beco do Zeca Mendes e dava pra rua do sol, onde tinha virando a esquerda, um bordel, mas isso já é outra história...

João de Deus Netto disse...

...um bordel na esquina.
Pra esquerda, a do bordel (cabarezinho ajeitado), era Rua da Lagoa. Pra direita, com muito monturo, uma trilha que saia lá no início da Rua do Sol, ou Padre Fábio. Era justamente o quintal murado do Nataniel e uma ruma de irmãs, e a casa do Antônio Bundinha(que fim levaram?). Alí era outro beco que saia na...Vicente Pacheco (voltando), esquina da casa do Dr. Chaguinha, pai do Zé Moura (jogador); de frente pra casa do Zizi Veras ou do Mamede Lima, ou do Colégio Leonardo da Vinci. Que passeio legal no túnel do tempo. Se quiserem, eu desço pra jogar bola na baixona ou no "campinho". Não. Estou cansado...

Anônimo disse...

Meu amigo e irmão zémiranda não tá conseguindo postar seus comentários. Me disse aqui que essa foto do casarão da av. lá como é mesmo o nome, Vicente Pacheco (é isso mesmo?}, não é onde a gente supos que fosse o hotel do Zeca Mendes. Segundo o miranda, aquilo lá era o casarão dos Melos, de Benício de Melo, onde morou o ex-prefeito Oscar Castelo Branco, casado com uma Melo. Confiram aí...

Anônimo disse...

Olhando melhor pra foto (a vista, a vista!), tem uma legenda dizendo exatamente o que falei no comentário anterior, que o zemiranda percebeu apesar de mais cego que eu e o netto. Viajamos aí na estória do zeca mendes pra falar daquele bordel naquele beco meio escondidinho... inconsciente é fogo, cara...

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