O Helmo Andrade está me alertando aqui de que o seu Zacarias está gritando para o Milton apagar as luzes e começar o filme. Não sem antes escutar o que o Elmar carvalho tem pra nos dizer sobre a programação do maravilhoso cinema da nossa juventude, para este final de ano:
"Do saudoso Cine, ao qual fui levado muitas vezes pelas mãos seguras e protetoras de meu pai, tive oportunidade de dizer, lembrando-me dos velhos filmes de bang-bang, que, comparados aos filmes de ação e violência de hoje, mais pareciam uma brincadeira com revólveres de espoleta":
ainda assistes a filmes de bang-bang:
só para sentires a emoção do tempo
em que teu pai te levava para o reino
encantado e mágico do velho cine nazaré
que em tua memória ainda remanesce.
Amigo meu me liga fazendo uma observação sobre o Mal (com L) do cartaz original do filme. O desenhista brasileiro que trabalhou com a tradução levou tão a sério a fama do pistoleiro, que deixou por isso mesmo.
Isto posto, vamos lá que já está tocando a introdução da excelente trilha musical do filme. O Bitorocara+ reservou uma surpresa para todos, inclusive para o maestro Ennio Morricone, apresentando um grupo de sete músicos de corda. Clique e tenha uma ótima lembrança:
http://www.youtube.com/watch?v=4VASegKKzpY
Elmar Carvalho, 50, é Juiz de Direito, poeta, cronista, contista, crítico literário e piauiense de Campo Maior.
29 comentários:
Espiando este cartaz,é como voltar no tempo, esperar a missa terminar e seu Zacarias avisar que está faltando apenas cinco minutos para dar inicio a mais uma fabulosa película.Eita amigo,assim você faz nos lembrar tempos bons que não voltam mais.Que bela recordação.
É de arrepiar rever na tela mental tantos momentos felizes,coloquei a música no último volume, fechei os olhos e me vi ali sentado naquelas cadeiras duras do Cine Nazareth,devorando um bombom peper comprado na mão do Zé Metala. Meu companheiro de cinema era o Celino, teu irmão, além dele, tinha também o Virmar,que morava no fundo da tua casa.Tão bom quanto assistir era ir pra casa comentando o filme.
Netto, na hora que recebi esta bela música dos tempos dos cawboys me lembrei de mandar pro seu blog, que perfeição de interpretação, duvido que alguem não tenha gostado!!
Lembrei-me dos tempos do seu Zacarias, do Milton, e a confusão que dava quando a fita quebrava, era uma zoadeira danada, batimento de cadeiras e seu Zacarias p. da vida gritando: "seus mal educados, moleques....", etc, era uma gozação.
Lembro-me bem da turma da praça ( e eu junto)andando de bicicleta "roubadas" por um certo tempo até o filme acabar.Naquela época, as bicicletas ficavam estacionadas no patamar da igreja e sem cadeados pois não havia os "artistas" de hoje em dia. Então aproveitavamos pra usufruir e rodar enquanto o filme nao rodava. Tinha tambem o "invara", onde entravamos escondidos sem pagar ingresso. Tempos bons!!!!
Helmo
Como diz o Simão Pedro, tão bom quanto assistir era ir pra casa comentando o filme. Com efeito, era imperdível, mesmo, o dia seguinte, quando nos juntávamos, em algum canto da Avenida Vicente Paulino - eu, Edinho do prof. Maurício, Zé Moura, Nonato, Edmar (da dona Toinha, amigão que deixou muitas saudades) e outras figuras inesquecíveis - para "contar" o filme da noite anterior. Era um reprise da fita de bangue-bangue ou de uma luta de gladiadores. A imaginação era tão fértil que permitia exageros na descrição. Aí era onde estava, digamos assim, o "charme" dessa exibição. Tempinho bom. E o velho amigo Elmar Carvalho, dos tempos do Colégio Estadual, dispensa comentários. "Comer" o bombom peper, então, nem se fala: tinha que sobrar um troco para a balinha. A conversa era tanta que parecia que estávamos numa feira-livre. O calor era infernal e alguns poucos ventiladores, na parede, funcionavam. Mas, quem ligava pra isso?
Meu tio Alberto fazia um roteiro em cima do roteiro original. Só sabíamos quando calhava da Socorro - minha tia -, me levar em outra exibição. Amigos, metade dos personagens pareciam que tinham ido embora e deixado pra trás aqueles estranhos querendo aparecer graças à criatividade do diretor "Becú" (Alberto). Sacanagem não: aquilo sim, era "pirataria"; outro filme.
Cinema "Paradiso".
Tão marcante quanto os filmes, a trilha sonora que antecedia as exibições, irradiada pela amplificadora do cinema, tem o condão de me levar instantaneamente ao passado.
Basta ouvir, por exemplo, "Tango para Teresa", na voz da Ângela Maria, que eu me vejo na Praça Bona Primo, no início dos anos 1970, aguardando ansioso a hora de ir ao cinema.
O repertório não era mmuito vasto, e outras músicas muito tocadas podem produzir o mesmo resultado, como "Qui nem Jiló".
Falei das minhas preferências no repertório da amplificadora do seu Zacarias Gondim Lins.
Um abraço a todos.
O Cine Nazareth dá uma saudade danada! Nosso cinema era um dos melhores do Piauí. Vez e outra o filme quebrado, mudo ou de cabeça para baixo. Os assobios da molecada. Os gritos do seu Zacarias. O Milton, xingado. Mas acho que eram falhas de todos os cinemas. Os de Teresina também tinham... Bons filmes se viam ali. Para todos os gostos. Impressionaram-me Spartacus, Ben-Hur, Os Des Mandamentos (o Mar Vermelho abrindo-se espetacularmente para a passagem dos hebreus; os mandamentos escrevendo-se na rocha; a sequência das pragas sobre os egípcios; que roteiro!). Na mesma época em que foi exibido no Cene Nazareth, circulou o respectivo álbum de figurinhas, de execelente qualidade. Em 1962. Ainda hoje conservo meu exemplar, guardado entre minhas poucas preciosidades; 47 anos de existência, faltando apenas uma figurinha. Pretendo comemorar o seu cinquentenário. Os filmes de bang-bang eram os de que eu mais gostava. Influenciado por eles, cheguei a escrever uma novela desse gênero; se não me engano, sob o título, "Terra de Traições". Desaparecido no tempo e pela ausência de autenticidade literária, sobretudo em razão da distância do tema para nós, campomaiorenses, piauienses, brasileiros. As produções americanas, e as italianas, que estavam tomando a primazia de Hollywood, eram estrelados, principalmente, por Clint Eastwood, James Stewart e Audie Murphy, e Giuliano Gemma e Franco Nero. O seriado de bang-bang que mais apreciava era Durango Kid (mascarado todo de preto no seu cavalo alvo). O tema musical do filme Três Homens em Conflito (O Bom, o Mau e o Feio) ainda hoje me causa arrepio da cabeça aos pés. Para mim, é o hino dos filmes de cowboy. Meu amigo Elmar Carvalho é o poeta mais entranhado das ricas e belas peculiaridades do nosso Campo Maior. Mais exemplo: o poemeto "Cine Nazaré".
Rapaz, a história do Cine Nazaré (não era com "th"?) veio a calhar. Depois de ver o post do Nettão e ligar a tela da memória, lembrei que, aqui em Cuiabá, sou sócio de uma videolocadora que atende pela Internet. Chama-se "Filme com pipoca". Aproveitei a deixa e fui na seção de western e, de uma só tacada, pedi "O Dólar Furado", "Starblack", "O Bom, o Mau (sem "l") e o Feio", além de "O Fabuloso Sansão", "Dio Come Ti Amo"... Pode acreditar que no acervo da locadora tem tudo isso e algo mais. Assisti aos vídeos em meio a uma sessão, por assim dizer, nostálgica. Faltou o bombom peper, a conversa fiada com os amigos... Em nenhum momento, a fita "quebrou". O barulho ficou por conta da molecada aqui de casa, que curte mais "Crepúsculo", "Lua Nova", de preferência, em salas multiplex dos shoppings - coisa de adolescente. Guardadas as devidas proporções, somos privilegiados por ter tido a chance de viver uma fase de ouro, como essa do glorioso Cine Nazareth (ou é com "é"?). É indescritível a alegria de ter vivido tudo isso e poder contar para os filhos.
Caros amigos, a minha memória compila fatos e tenho a sensação que o ontem invadiu o hoje, guardo dentro de mim lembranças inesquecíveis do Cine Nazaré revivendo sonhos com saudades, época que ficou na nossa história, às vezes rasgadas no tempo.
Tentar entender o passado nos auxilia o nosso presente e até os anos 70/72 não perdia um espetáculo cinematográfico principalmente o "Dólar Furado" com Giuliano Gemma meu filme preferido e de quebra ao sairmos do Cine "nós garotada" dirigíamos até a Lanchonete do Pinto ali na Rua Santo Antonio se refrescar com o delicioso suco de maracujá e os mais abonados uma suculenta vitamina de abacate com pão doce.
Vale lembrar e ressaltar, que a casa Cine Nazaré, também foi palco de grandes apresentações artísticas como: Luiz Gonzaga, Trio Nordestino, Cyro Aguiar, Roberto Muller, Agnaldo Timóteo, Valdick Soriano e seu Aero Willys azul rabo de peixe carrão de luxo para os padrões da época onde o mesmo tinha como hospedagem predileta no Novo Hotel, hoje inacabado e tantos outros.
Em 1970 na Copa do Mundo no México chegara no Brasil as primeiras imagens de televisão que retransmitia para os raros possuidores de TV colorida e ali na Praça da Bandeira o único possuidor do aparelho era o Sr. Antonio Pereira e a garotada tinha uma curiosidade danada de ver essa engenhoca e o mais espetacular era assistir as Aventuras do Tarzan o Rei da Selva, se acotovelavam na janela e não desgrudavam os olhos, aquilo era simplesmente fantástico.
Parece que o Cine Nazaré baixou as portas nos anos 80.
horácio lima
sp
Eu gostava da fachada do cinema do sr. Zacarias, principalmente daquele letreiro que para os padrôes da época, convenhamos, era moderno e com uma tipologia pra lá de futurista. E de tantao olhar praquelas letras eu observava que o final do nome da dona "nazinha", esposa do proprietário, não levava acento e parecia nome de artista (tudo a ver). Pra tirar as dúvidas provocadas pelo avantajado dos anos, peguei a foto e fiz uma ampliação: tá lá o final do letreiro arrematado de consoante! Só que meu final "th" está órfão, e, por isso mesmo,esquisto, com a ausência do "h". Nazaret, era o nome dos finados.
Horácio, as duas primeiras (ou últimas?) filas de cadeira do maravilhoso cinema, eram com assentos sem braço pra apoiar as mãos. Eu não gostava de lá porque além disso ficava uma ruma de meninos e meninas tudo esparramado no chão e só olhavam para o filme quando tinha alguma cena de ação. Passado a cena eles voltavam a dormir ou conversar. De vez em quando vinha uma empregada buscar o Padinha, o Francisco, Carrumbé do seu Décio Bastos ou os mala do júnior do Chico Araújo, Marcelo Bona e do Elmo do prof. Raimundinho. ha ha ha ha
Daqui a pouco o El Cid reencarna na figura do Carlos Heston.
Sr. Netto, meu pai falou que antes desse cinema tinha outro e era de outro dono. Se desse para o Sr. mostar eu mostro também pra ele que é leigo e não aceita lidar com computador. Moramos aqui em São Paulo.
Até logo.
Cadê o Ricardo Reis, que nunca mais se manifestou no BITOROCARA?
Pensei que com o post sobre o cinema ele daria as caras, pois morou nas praças Rui Barbosa e Bona Primo nos áureos tempos do Cine Nazareth.
Tadeu Carvalho, anteriormente ao Cine Nazaré, a casa de espetáculos de Campo Maior foi o Cine Teatro Glória, de propriedade da prefeitura (como o Cine Nazaré) e o seu arrendatário mais conhecido foi o Sr. Castelo (simplesmente como sei). Exibia bons filmes também. Disso você já deve ter conhecimento por intermédio do seu pai. Agora, é o Netto arranjar um modo de postar uma matéria completa, com fotografia.
O Cine Nazareth era usado tambem para relaxamento e boa dormida da Dodó e do Pe. Benedito.Frequentadores assiduos que não se assutavam nem mesmo acordavam com a barrulheira das cadeiras batendo quando a fita quebrava.
Pôxa Neto, quando garoto, eu e meu pai sempre iamos ao Cinema do Sr. Zacarías(só que tinhamos que passar primeiro no bar do pinto na rua Santo Antonio para tomar aquela bananada). A trilha sonora desses filmes parecem não sair da memória daqueles que presenciaram essas cenas. "Hoje em uma monumental película as 7:30 e 9:00 um arrojadissimo bang-bang à italiana, um filme de muita luta e muita pancadaria" Quem pode esquecer da voz do sr. Zacarías na amplificadora da velha Rural.
Um abraço a todos os bitoroqueiros. Fausto.
Realmente, a Dodó e o padre Benedito iam para o cinema como quem vai para o quarto todos os dias dormir.Era um hábito, até porque eles não tavam nem aí pra qual era o filme que ia passar, pois eles também não sabiam mesmo. Acho que é muito difíl 200 anos de vida ainda sobrar espaço na cachola pra acoiolar filme. O padre Benedito era mais grave ainda porque nas missas dele ele não dormia mais fazia a igreja toda dormir. Quer o quê, calor insuportável e um fantasma que não balbuciava coisa com coisa? A boa notícia? Havia paz, respeito entre todos na nossa antiga C. Maior. De vez em quando era que o pau quebrava pras bandas do Campo Maior Clube por causa dos arroubos do Carbureto, Manga de bico e de algum Castelo Branco. Mais isso era besteira perto que vemos hoje.
Que blog sensacional que este moço criou. Lembro do pai e principalmente do avô dele seu Dideus, dele mesmo ainda não consegui encaixar, devia ser muito menino.
Rapaz, essa da Dodó e do Padre Benedito tendo conjunção carnal, saliência geriátrica, nem eu nem metade de Campo Maior na época não sabia. Tu sabia, Zan? Peraí, quem disse foi o Antenor lá de São Paulo. É só ler ali na parte que mostra quando o casal vai para o quarto dormir. É por isso que essa língua portuguesa nos apronta cada uma por causa da diculidade da gente lidar com ela. Mas eu entendi, Antenor, o que você quis dizer. Até porque seria impossível qualquer iniativa da parte do coitado do dorminhoco.
Meu alviverde ontem detonou os bambis de "sampa" (frescura da Caetana).
A lembrança que eu tenho do padre Benedito, quando fomos professores no Ginásio Santo Antonio, era das histórias que ele contava duma viagem que fazia ao balneário Caldas do Jorro, na Bahia, um lugar tipo Caldas Novas, que eu conheci ai no Goiás onde tu se acoitou, Milton. A Dodó eu cresci vendo ela andar pela cidade contando umas histórias meio sem nexo. Não sabia que os dois chegaram a ter... deve ser brincadeira de mau gosto, gente... Também não sabia que iam ao cinema juntos. Do padre Benedito sabia também que tinha sido jesuíta e que de tanto estudar ficara meio daquele jeito dele, decorando o nome completo de todos os alunos e alunas que tivera e andar naquele passo meio apressadinho da igreja para a casa paroquial...
Ele era o bahiano? Mas será o Benedito?
Amigo, Washington, na verdade, por várias vezes, ouvi essas belas músicas, das trilhas sonoras dos velhos filmes de bang-bang. Até Luis Ricardo, meu filho, com 7 anos de idade, entrou no clima, e vive assobiando as melodias. Do nosso querido cinema, ficou a saudade, e também um trauma: nunca varei para assistir filmes. É que sempre fui medroso.
Abraços.
Entendi a interpretação que o Milton fez sobre o comentário do Antenor. Simples demais. Como a Dodó e o Pe. Benedito - já avançados na idade - eram sonolentos, iam para o cinema dormir, pensando que poderiam assistir ao filme. De resto, está claro que tanto a velhinha quanto o velhinho dormiam em quartos - casas - separados. Jesuíta, o sacerdote era homem de muita cultura, mas que não a deixava transparecer nem nos sermões de missa; simplesmente, ele não os fazia. Era também um sanfoneiro de primeira.
A desmoralização de quem era apanhado "invarando" o cinema era um poderoso freio para os mais compenetrados, ou menos necessitados.
Ademais, naquela época, a educação moral recebida em casa pela maioria não permitia esse tipo de conduta. A nossa sociedade de então era menos permissiva para essas transgressões.
E a notícia corria a cidade que fulano mais fulano foram pegos "invarando" o filme (cinema). Ninguém atentava pra precariedade desses meninos que faziam isso. Eles sentiam a mesma vontade de assistir, mas e cadê "cruzeiros" pra comprar até o dicumer? E aí não tinha meu pé me dói, era marginalizado mesmo. mesmo assim não recorriam pras drogas, produto dificílimo e só consumido só pela classe alta com o nome de "diambra".
Era verdade a história do banho de óleo queimado em quem era apanhado "invarando"?
Dizem que era lá detras da tela mais depois descobri que era só pra meter medo nos que estavam pensando em fazer a mesma coisa.Rapaz eu naõ acredito que seu Zacarias tinha coragem de fazer aquilo não e se mandava acho que os ajudantes não faziam não. Sei lá. pergunnta pro Zacariinha lá no bar Alberto.
E quem não se lembra de : "Noventa milhões em ação... " Esta música tocava todo dia no Cine Nazareth (era escrito com th mesmo)E sempre tinha que sobrar dinheiro pra balinha que o Zé vendia, tempos bons. Acho que eu era uma das únicas pessoas que tinha "passe livre" ali. O Sr. Zacarias não deixava eu pagar ingresso, pois eu era amiga da Fátima filha dele e com isso.
Ainda hoje lembro do maravilhoso sabor do picolé de batata doce do Bar do Pinto. Tempo bom...
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