O legendário comerciante Seu Dideus, avô deste blogueiro que vos "fala", em frente ao patrimônio que abrigava cereais, potes, óculos, botões, anzois e ... Dinamites!!! Se não tem no seu Dideus, não tem mais em lugar nenhum!
"Se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava eu mandava ladrilhar, com pedrinhas, com pedrinhas de brilhantes, para o meu, para o meu amor passar..." Passei por aqui um dia desses, entrando e saindo nestes becos, observando como é hoje, o que eu vi ontem. Revi como num transe, personagens que conheci, como se aqui estivessem ainda. Parei defronte a uma velha carnaubeira ao lado do velho sobrado do Seu Dideus; ela balançava suas palmas com tanta graça e beleza que sentei ali num banco pra observar seus movimentos. De repente avistei o dono do sobrado, vestido numa pijama listrada, a camisa desabotoada, óculos escuros, bengala na mão, me olhando desconfiado...
Vi Seu Adonias, com aqueles óculos enormes, brilhantina no cabelo, trajando uma calça preta e camisa branca passada nos panos, saía apressado da pensão, que naquela manhã estava lotada, tinha até um hóspede importante, era o grande sanfoneiro Zé Cotó das Alagoas, que estava ali descansando numa rede de tucum. Vi a Dona Ziroca, vindo da Igreja, trajando um vestido amarelo queimado, véu na cabeça e a fita de Zeladora do Sagrado Coração de Jesus pendurada no pescoço. Vi Seu Raimundo Ricardo, saindo pro mercado com um balde de plástico azul caixão de anjo pendurado na sua mão. Passou por mim também Seu Nonatim, montado numa bicicleta carregando um alicate e uma chave de fendas .Na esquina avistei o "Manel do cartório",meu cunhado, entrando no Joaquim Uchoa, pra tomar uma Imbiriba. Ao fundo estavam os oitizeiros com suas copas agitadas, dezenas de jumentos, cavalos e carroças ali atrelados aproveitando a sombra...
A beata Ziroca, prima do vovô Dideus, em frente à casa dela, geminada com a casa da família deste blogueiro de Deus.
Mais abaixo vi a figueira gigante do Zé Prudêncio, estava lotada de crianças que brincavam agitadas nas suas galhas, vi o "Celino", meu amigo de infância, que era exímio trapezista, dar mais um salto espetacular da mureta do jardim até a galha distante da figueira. Ali do lado estava o Caminhão FêNêMê do Jande, cor de abacatada, estacionado no oitão da oficina do Valdir. Por trás de mim a Dona Filó sentada em uma cadeira de balanço ao lado do Dr. Expedito. De repente passa O Dr. Jerônimo cruzando a praça com seus passos largos. O Zé Maduro, subia a rua apressado em uma bicicleta sem paralama e todo sujo de graxa, dobrando no beco da Dona Mulata. Vi até o Zuza escorado na esquina com a mão no queixo, olhando pro beco que descia até a baixa. Naqueles instantes ouvi até esturro de onça vindo da casa da Dona Deozira. Em segundos vi esse quadro em torno de mim, naquele quarteirão tinha de tudo, despertei da letargia, estava só, um silêncio enorme em torno de mim. Olhei a carnaubeira, continuava ali, testemunhando a visão que tive.
Amigo Netto, de vez em quando faço essas viagens, é coisa de maluco saudosista, me sinto bem revendo estes filmes. Nos anexos algumas fotos do quarteirão que dividimos. Um abraço,
Texto: Simão Pedro
Fotos: Maria Clara
Legendas das fotos: Netto de Deus
22 comentários:
Grande Simão Pedro: que viagem! Lendo seu texto, também me transportei no tempo, peguei carona nas suas reminiscências e parece que tudo isso que você "filmou" aconteceu ontem. Cansei de ir ao armazém do seu Dideus, com meu pai, comprar anzol e outras miudezas - o movimento era grande. A loja era um ponto de referência, se assemelha muito com as lojas que vendem produtos a R$ 1,99 e que proliferam em todos os lugares. Quintanda do Joaquim Uchoa, Zé Maduro, Zuza, dr. Jerônimo (que cultivava um bigode espesso), seu Nonatim... Rapaz... Valeu, Simão, você se superou no texto. Parabéns.
Simão Pedro. Você me fez chorar, tocou fundo no meu coração.
Como eu falo, Netto, lembre de mim em todos esses lugares que você passar, e ficar. Meu amigo estou com muitas saudades.
Vocês são poetas inteligentes, maravilhosos.
Obrigada.
Simão eu vor ti contar uma sr.Dideus.
Eu estava na frente da casa dos couros com o papai, quando sr. Dideus chegou e falou paro o papai, João eu vinhe ti convidar para um almoço de um capão bem grande e regado a servejas geladas, fez o convite e logo foi saindo, meu velho e saudoso pai disse espere Dideus aonde e qunande será este almoço.O sr. Dideus respondeu imediatamente, será domingo na sua casa.Esta prosa de sr. Dideus com o papai aconteceu eu era adolente.
Hoje só muita saudade do velho amigo que se foi recentimente para outro mundo de muita paz e amor.
Um forte abraço:
Nonatinho
Simão Pedro, eu também passei por aí.
Nobre amigo, lí o texto agora mesmo e você demonstra todo um sentimento de amor pela sua cidade, pelas pessoas. O saudosismo é uma atitude humana que tem como base a saudade, a demonstração de afeto.
Nós devemos agradecer ao estoque de oxitocina dos nossos cerébros, um hormônio que ajuda a permitir várias ações bondosas e gentis, do tipo que permite a nossa sobrevivência como sociedade. Você observa as coisas com muita atenção e minúcia, acredito que cada detalhe é descrito em sintonia com Deus e ser feliz é saber viver a cada dia, é saber olhar em sua volta e não enxergar os problemas, é dar um lindo sorriso e dizer: obrigado meu Deus por mais um dia, obrigado pela vida e pelo pão de cada dia, obrigado por me ensinar que o amor é mais que um adjetivo, mais que um combustível mais que um ideal.
Ser feliz depende de nós.
Nobre Simão Pedro, penso eu, termos o mesmo perfil e visualizando a carnaubeira fiz este modesto poeminha.
Carnaubeira
Carnaúba
Do seu fruto
Maduro, saciei a
Minha fome, lá
Pros lados
Dos Altos Longares
Olhando de encontro
Com a Serra
Serra nossa e
Dos Antonios.
Nuvens que passeiam
Nuvens que beijam
Coberta de véu
Mãos que tocam
O céu.
Carnaubeira
Das suas palmas
Preparadas
Cobri meu abrigo
E da sobra
Das palhas
Fiz a vassoura
Varrendo
A minha
Solidão.
Lamento não marcar presença nos festejos do glorioso Santo Antonio e do evento BitoroFesta, mas, já sinalizei pro Erivan Napoleão a reserva de um DVD do encontro "anos 60 e 70 éramos todos jovens" e com certeza vai ser um encontro show de bola.
Nonatinho, um abraço irmão.
Até breve.
Abraços.
horácio lima
sampa/fria
Eu tentei postar um comentário narrando um episódio da minha infância, envolvendo a dona Ziroca; felizmente, talvez, não consegui fazê-lo porque nossa internet aqui tem hora que emburra e não anda; a história era meio escatólogica mas não tinha nada ofensiva a quem dela participou; o fato de não conseguir postar o comentário significou pra mim que foi melhor não tê-lo postado. As fotos da postagem, a do Sr.Dideus e a da D. Ziroca, me transportaram no tempo, principalmente porque morei por um breve tempo na rua Pe. Fábio e quando estudante ou professor do Ginásio Santo Antonio, me lembro daquela casinha dela, recuada entre a rua do Ginásio e uns pés de manacás. Dona Ziroca tinha aquelas características engraçadas das pessoas da família:espirituosa, um pouco nervosa e muito engraçada. A lembrançpa mais forte do sr. Dideus, era ver ele comendo laranja no Deusdedit Melo, e explicando que a "sustança" da fruta estava no bagaço... Era uma enciclopédia ambulante de saberes e contares...
Belo texto, parabéns. Este rapaz é meu irmão, viu? kkkkkkkkk.
Fiz algumas pequenas compras nesse Armazém e, em outros momentos, passei nesta rua buscando os braços e afagos de nossa avó, Mãe-Ita, que morava na Praça Rui Barbosa.
Agora, vou contar uma de suas traquinagens...rsrrs. Este caso ocorreu bem perto deste Armazém. O Simãozinho ( ainda bem pequeno)saiu da Farmácia Popular após ter ingerido um comprimido para dormir (sem que ninguém desse conta, nem mesmo o papai que era muito cuidadoso). Com o sumiço do Simão entramos em desespero e passamos a procurá-lo aqui e acolá e, nenhum sinal do menino.Muito tempo depois, o Simão Pedro foi encontrado dormindo em um monte de areia...para alívio e alegria de nossa família, em especial mamãe e papai que passaram o maior sufoco! Obs: Você, meu irmão, ainda foi obrigado a ingerir bastante leite pois, muito sonolento não conseguia acordar kkkkk!
Um forte abraço desta irmã que te ama muito. Irene Andrade.
Entre o Seu Dideus e meu Avô, Antõnio Andrade,existia uma grande amizade.Naquela época as contas eram anotadas em um caderno, o dono do comércio ao receber os haveres registrava ali o pagamento recebido.Seu Dideus, assim procedia. No seu armazém vendia de tudo,e ele sempre trazia novidades.Certa feita chegou na sua loja uma parelha de óculos de grau de alta qualidade,importados dos grandes centros, eram a sensação do momento.Estando no armazém seu velho amigo, Antônio Andrade, Seu Dideus,sugere ao mesmo que experimente o lançamento.O Antônio Andrade com cautela,colocou no rosto a novidade. Seu Dideus pergunta então ao amigo o que achou da novidade; em seguida convida o mesmo a fazer uma leitura experimental.Se afasta e pega o caderno de registro dos fiados,abre-o justamente em cima da conta do amigo que estava atrasada.Entrega o caderno e pergunta se o mesmo estava enxergando. O Antônio então responde:" Meu amigo pra ser bem sincero,eu não estou enchergando nada". "Encosta mais Antônio, não é possível que tu não esteja enchergando", diz o Dideus. O amigo mais uma vez responde: "Francamente Dideus, eu te disse, eu não estou enxergando nada,toma teus óculos,eles só tem muito é boniteza".Imaginem vocês esta cena, duas raposas velhas se encontrando, quem era o mais sabido não sei,só sei que os dois neste episódio se superaram.
Outra de sr. Dideus.
Uma garota do interior foi fazer compra no comercio do sr Dideus, chegando lá ela perguntou para o mesmo se tinha preções, como ele gostava muito de prosar, ele respondeu, tem nões, no mesmo instante a moça perguntou se ele tinha botões e ele respondeu tambem nões.O sr. Dideus, olhou para a moçao e peguntou, porque ela só queria comprar mercadorias com palavra terminada em ões, ela respondeu era porque morava no Poções.Sr. Dideus foi dizendo, entões voce vai voltar para casa de cominhões.
Esta é para voce Simão.
Nonatinho e meus amigões, muito obrigado, pelas atenções,é muito bom sentir estas emoções; em nossa terra saí dando volta por estes quarteirões e resgatei dos porões da minha memória muitas situações.Seu Dideus, sem dúvidas, fez escola e sua história ficou marcada nestes torrões.A amizade sempre marcou nossos corações, frutos de muitas uniões.Receba meu amigo meu abraço e minhas congratulações.Abrações dos Simões.
Poemas, histórias de um passado, de alguma forma, podemos nos reaproximar de pessoas e momentos, e ao sentirmos saudades em definitivo é porque amamos.
Amigo e amigões
Quantas emoções
Em nossos corações
E nas minhas orações
Lembrarei dos festejões
Dos gloriosos Santos Antões
E do Seu Dideus
Por nos emprestar tantas
Emoções.
horácio lima
SamPa.
Valeu Horácio,nos festojões lembraremos do amigo e depois compartilharemos nossas emoções.Um abraço.
Gente, vão lá no meu blog e testemunhem os nosos primeiros momentos aqui neste sábado na gloriosa terra de santo antonio do surubim, meu e do grande Netto de Deus... depois de um ano... pra quem vem esse ano aqui, a senha é nos encontramos na barraca do capote... o último a chegar lá paga a conta...
Gente, quase morro de rir lendo os "feitos" do Sr. Dideus. Como é bom recordar as coisas boas das nossas vidas, me faz um bem enorme essas recordações, sinto uma saudade imensa desses velhos tempos.
Um abraço a todos.
Lúcia Araújo
SOMOS CAMPEÕES!
SOMOS CAMPEõES!
SOMOS CAMPEÕES!
VALEU COMERCIAL!
VALEU CAMPO MAIOR!
Gente!!! A festa foi MARAVILHOSA!!!
Sem defeito, foi tudo muito bom, pena de quem não participou de uma festa maravilhosa como aquela, espero que no próximo ano tenha outra e espero que os que não puderam participar neste ano, venham no próximo ano, acho que teremos outra no ano que vem.
Um abraço a todos
Lúcia Araújo
Que bom Ana Lúcia! Pior prá quem não pode ir, como eu!
Estava por aqui à procura de notícias sobre a festa.
Abraços
Socorrinha!
Que pena vc não ter ído, foi tudo de bom, estou aqui providenciando pra colocar fotos da festa no meu orkut.
Abraços
Lúcia Araújo
Ano que vem tem do novo.
Que Drumond e José me perdoem a troca,como hoje é 13, quero lembrar do Antônio.
E agora,Antônio?
A festa acabou,
A luz apagou,
O povo sumiu,
A noite esfriou,
E agora,Antônio?
E agora, você?
Você que é sem nome,
Que zomba dos outros,
Você que faz versos,
Que ama, protesta?
E agora, Antônio?
Os festejos se foram, a realidade nos convida ao retorno, pra onde vamos agora,que rumo tomar? Abastecemos os corações de alegria, foram muitos os encontros, mas o melhor encontro foi com o nosso eu. Retornar as origens, reviver lembranças,guardar novas esperanças.Que Antônio de Pádua, este Espírito iluminado continue a nos proteger e que seu exemplo de cristão verdadeiro nos toque para a fraternidade que ainda não vivenciamos.Viva nossa amizade, viva Campo Maior, Viva Antônio de Pádua, Viva Bitorocara!
Simão, creio que o Drumond, esteja onde estiver, ficará feliz de ser lembrado! Gosto muito das coisas que você escreve. Para mim você também é um poeta, pode crer.
Quando você fala da "nostalgia" pelo fim da festa de Santo Antônio,
volto no tempo e me lembro perfeitamente da "leseira" que tomava conta da cidade. A Praça Bona Primo ficava vazia......Eu morava lá e sentia o quanto!
Socorrinha a poesia está em todos nós. Fico imaginando o vazio que fica nos corações dos que partem e dos que ficam. A esperança que eu falo está relacionada com os novos encontros e com a certeza de que estaremos sempre juntos pelo que sentimos, pelo que vivemos e compartilhamos. Até o próximo encontro,enquanto isso alimentemos essa chama. Um grande abraço.
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