FERNANDO VIENER:
A Lenda Gay da cidade nos anos 50/60.
Ele era preto, pobre, mas protegido de uma família poderosa da época: os Pachecos. E homossexual assumido. Simpático, cordial, sua saudação com a mão acompanhada de um Alô, virou sinônimo de “pederastia”, nomenclatura mais do que pejorativa daqueles tempos, bem mais severa do que o "tolerado" e alegre gay do atual "arco-íris". Seus parceiros eram jovens baixa renda com quem ia para o grande motel a céu aberto da época, a Baixa, região baixa da cidade, depois da rua do Sol, rumo aos carnaubais. Morou muitos anos no Rio de Janeiro, era dado a escrever e fez durante anos um jornal mural chamado O Carnaúba. A sociedade o assimilava com reserva, mas era sócio de tudo que é entidade ou clube na época. Fundador do Caiçara, reza a lenda que foi quem deu o nome ao time, numa reunião da qual participaram entre outros, meu pai, Oscar Duarte, primeiro presidente do clube encarnado. – Zeferino Neto
Foto: MuseudoPaulo&BitorocaraBlog
11 comentários:
EU AMO ESTE BLOG.
Matérias como esta me tiram da toca.
Elvira, ainda vai nascer o mosquito que vai derrubar esta dupla de dois que parece quatro do Netto do Dideus e do Zan.
Amigo Pinuca,estamos em sintonia, estou lembrando do Fernando há dias, que bom revê-lo nesta fotografia. Ele sempre andava com os bolsos cheios de bombom pipper, eu sabendo disso, sempre o abordava pra pedir uma balinha; lembro que uma vez fui repreendido por alguém da família me dizendo para não me aproximar dele,eu não entendi.Achava ele engraçado e divertido, simpático e educado com todo mundo.Sua passagem era ali no beco da casa da minha avó, lembro como hoje do seu tchauzinho acompanhado do inesquecível alhô.
É esso aí Simão!Saudade não mata mais mautrata.Aquele bombons com gosto de educação e de acaricia das mãos, foi que deixou muitas saudades para as garotadas e adolecentes daquela época, quando o sr. Fernando Viener partiu paro o outro lado.
Um forte abraço:
Nonatinho
Quando íamos para a "pelada" (que a gente intitulava de "treino) vespertina no "campinho da Baixa" (esse, nós construímos em regime de mutirão, com obra de engenharia do mestre Cabecinha, um dos melhores pontas-esquerdas da nossa época)), seu Fernando não escondia, nos olhos, a avidez diante de tantos garotos (éramos guris, na época), que desfilavam em direção à Baixona. Mas, ele era extremamente discreto, além de ser um cidadão educado, que tratava as pessoas com respeito. Eu morava na Rua do Sol e, como estava frequentemente na casa do "seu" Nataniel e do Zé Moura (dr. Chaguinha), fiz amizade com o filho adotivo dele, o Nonato (gente boa), e sempre "filava" o jornal O Dia e a revista Veja, que ele, infalivelmente, comprava, diária e semanalmente. Na época, como disse Zeferino, a sociedade da época não assimilava a sua condição de homossexual. Nem por isso, ele deixou de ser uma pessoa de farto relacionamento com famílias de bem em Campo Maior.
Passei uns dias sem andar por aqui por conta da doença que tem incomodado bastante as pessoas na cidade... só agora tou dando as caras... o texto que o Netto postou eu escrevi ainda em Brasília, se não me engano... Minha cabeça anda meio atrapalhada, me perdoem... A cidade hoje tem tantos homossexuais que não constrange mais ninguém, pra onde me viro aqui encontro jovens já assumindo a coisa e as pessoas reagindo com naturalidade... Progresso? com certeza, que sim, pelo menos a hipocrisia velha de guerra dá um tempo... de vez em quando troco piadas que faço com um amiga comediante da cidade, que teima em que querer que eu lhe dirija um show de humor:eu digo pra ela que gosto mais de fazer é piada e piada com gay qualquer aprendiz de humorista consegue fazer: a última que perpetriz aqui era mais ou menos assim:"Campo Maior antigamente tinha meia dúzia de viados... agora tem meia dúzia de homens... " Eu, héin?
O que mais me impressiona nessa história de homossexualismo é a precocidade com que os jovens chegam lá, de ambos os sexos... Fico tentando entdender e acho complicado. Ano passado dei oficinas de teatro numa escola pública da rede estadual e no meio de vinte adolescentes na faixa de 12 a 18 anos, havia pelo menos quatro mini-gays masculinos... fiquei assustado mas lidei tranquilo com a situação, principalmente por que no meio treatral, há muitos gays e a gente se acostuma até a com a idéia de ser confundindo com gay... faz parte da experiência... claro que na cidade a suspeita de que um cidadão solteiro, morando sozinho. da minha idade, fazendo teatro com gays pelo meio, pinta sempre a suspeita... trabalho atualmente num projeto chamado Projovem Urbano, programa de suplementação pedagógica para jovens na faixa de 18 a 29 anos e no meio deles há até travestis... mais uma oportunidade para exercitar-se a tolerência e convivência com a diversidade de opção sexual, marca da diversidade que caracteriza o mundo atual...
O Fernando Viener era tido na cidade como uma pessoa muito respeitável, principalmente porque era a cordialidade em pessoa, não me lembro de tê-lo visto em situação de constrangimento com quem quer que seja... A forma como vivia sua sexualidade era extremamente discreta e por conta disso ninguém o ofendia com expressões pejorativas tipo "viado" ou "fresco", que era outro adjetivo com que se agraciavam os gays da cidade naquele tempo... vivia cercado de pessoas como as da foto, que em nada se sentiam constrangidas de tirarem foto ao lado dele... deve ter sido o caso de pedereastia menos traumático com que a cidadade conviveu... além de caiçarino, era farmacêutico prático e enfermeiro, tendo exercido essas profissões durante anos na farmácia de manipulação do Dr. Vicente Pacheco... Durante muito anos foi cozinheiro de um navio do Loyde Brasileiro que fazia a linnha Rio de Janeiro/Belém do Pará... Onde é que eu sei tanta coisa sobre o grande Fernandinho? Sei lá, o povo vai soprando no meu ouvido aqui e eu eu vou digitando... Ou só quem acredita em mediunidade ai é o Simão Pedro?
Eu tinha vontade de escrever alguma coisa sobre essa figura, mas sabia muito pouco sobre ele.Não sei se ele andou me rondando,mas lembrei muito dele por estes dias, por esta razão, fiquei muito surpreso quando vi sua foto no blog.Como tu já tinha escrito bem antes, sopraram no ouvido do Netto pra que ele fizesse a publicação.
É que as bixa agora tem direito a tanta frescura de lei que dá até medo o sujeito olhar pra estas coisas. É como se agente é que está errado por não ser baitola. Taí como o preconceito não e nosso Zan. Porque naqueles tempos não tinha esta proteção toda e era até pior e o Fernandinho era respeitado? É porque agora o cidadão se sente até desreipeitado quando esta gente olha pra nós com banca de que eles são os reis da sociedade quando na verdade não passam de imoralidade. Vamo deixar de ter medo. Nós é que somos normais como homems como mulheres porque só existe estes dois sexo. O resto é modernidade safada de novela e destes programas de televisão infestado de porcaria de mau exemplo para os nossos filho.
E ai, e ui.
O espaço é livre e democrático para se dizer o que bem se quiser sobre questões como homossexualidade e homossexuais... nada de anormal nisso, pelo contrário... seja bem vindo adalberto... pode soltar os dedos...
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