sábado, 4 de setembro de 2010

Uma trajetória feliz - 2

Na capital alencarina, amplia suas amizades, freqüentava as tertúlias no tradicional Ideal Clube, ia a praia do Futuro e ao cinema, ali na Praça do Ferreira. Sem esquecer dos estudos, se dedicava dia a dia, tinha ele sempre a frente como meta principal. Conheceu por lá várias moças e dividiu muitas afeições. Meio avesso a compromissos termina sendo traído pelo seu coração ao conhecer uma bela jovem que se chamava Ieda. No ano de 1963 conclui o cientifico no Colégio Estadual do Ceará. Sua colação de grau foi no dia 12 de dezembro do mesmo ano; participa das solenidades de formatura com uma missa em ação de graças na Igreja do Sagrado Coração de Jesus; recebe na mesma data seu certificado de conclusão no requintado teatro José de Alencar. Participa no mesmo dia do seu baile de formatura nos luxuosos salões do Maguary Esporte Clube. No ano de 1964, nosso querido Neto buscava ampliar seus horizontes, vai residir em Salvador da Bahia em busca de trabalho e de uma formação superior. Deixa em Fortaleza sua querida Ieda aguardando seu retorno. Por força do destino, deixa para trás também velhas amizades, amigos queridos que conviveram e compartilharam de momentos felizes, entre eles citamos: o Didico e o Toinho ,filhos do Aluísio Machado, Antonio Raimundo Ibiapina, Expedito filho da Dona Filó, Olésio Coutinho,José Luis Paz e o Beto, filho do Seu Chiquinho da Prefeitura, tinha também o Erasmo filho do João dos Couros, que muitos anos depois viria a ser seu cunhado casando com sua irmã. Chega à capital baiana em 1964 e logo consegue se colocar, arranjando emprego no prestigiado Jornal A Tarde. Prossegue por lá seus estudos trabalhando com muita vontade, sem esquecer da família e dos amigos queridos, recordando no coração com carinho os corações apaixonados que ficaram a bater mais forte na sua cidade natal. No ano seguinte sua irmãzinha Yvette com 15 anos de idade pra lá também se transfere, alegrando seu coração tolhido pela saudade. Na distância seus pais o acompanham torcendo pelo progresso do filho que tinha pela frente um brilhante futuro. Em cartas trocadas com sua querida Ieda, as promessas eram renovadas para uma união no futuro.Mas dias sombrios estavam por vir, ninguém imaginava que os sonhos daquele jovem e da sua família seriam interrompidos. Numa manhã do dia 11 de abril do ano de 1966, nosso Netinho retornando de uma Micareta em Feira de Santana, com um grupo de 14 amigos, todos funcionários do mesmo jornal , foram surpreendidos por um ônibus que colheu a picape em que viajavam, esmagando a todos em um grande barranco. Nosso Netinho se foi aos vinte anos de idade. A notícia chocou o Brasil na época, o governo da Bahia decretou luto oficial. Em Campo Maior uma nuvem de tristeza pairava sobre a cidade, o telegrama com a notícia chega à cidade. Zé Laurindo e Zé Francisco, são encarregados de repassar a notícia, por medida de precaução adiantam-se aplicando nos pais uma medicação de efeito calmante. A dor insuportável da perda com a grande tragédia marcaria para sempre a família. A distância e os meios de transporte na época impossibilitavam a ida de familiares, a remoção do corpo não foi possível ser feita e três meses depois a bordo um avião Caravelle, sua mãe Raimundinha e seu irmão caçula Simão Pedro, com três anos de idade, se deslocam até Salvador para depositarem no seu túmulo as flores da saudade e as lágrimas do coração. A família guardava sempre a esperança de um dia trazer de volta nosso querido Netinho, sonho que só foi realizado quase vinte anos depois, quando foram trazidos seus restos mortais , depositados ali no cemitério São João, onde se encontram até hoje junto aos que lhe deram a vida.A trajetória interrompida pelos desígnios de Deus foi uma prova muito difícil para toda sua família. O tempo se encarregou de cicatrizar as feridas e sua lembrança permanece com seu exemplo de vida. Sua curta passagem foi suficiente para que ele demonstrasse seu valor e desempenhasse sua missão. A vida continuou para ele na pátria espiritual, a separação repentina também muito lhe fez sofrer, mas hoje temos a certeza que tudo já se acalmou. O nosso querido Netinho continua sua jornada junto aos seus pais queridos, sobre as bênçãos do Senhor. Neste 06 de setembro, receba Netinho, nossas homenagens sinceras e nosso fraterno carinho. Saiba que sempre estaremos juntos, quem se liga ao coração pelo amor, sempre estará por perto.

8 comentários:

Horácio Lima disse...

Caro Netto, muito emocionante esta homenagem, como dói quando se perde alguém que gostamos e admiramos, mais triste ainda é saber o motivo que o levou.

Acredito que cada um vai na sua hora sem distinção qualquer, a diferença nisso tudo é que os bons fazem falta, muita falta, e, antes de abrir o Blog ouvi uma música que me levou a mente muitos amigos que já partiram muito cedo pro lado do Senhor, a letra é A Lista do cantor e compositor Oswaldo Montenegro.

"Faça uma lista de grandes amigos

"Quem você mais via há dez anos atrás

"Quantos você ainda vê todo dia

"Quantos você já não encontra mais.


hl/sp

zan disse...

Quando me envolvi com o irmão Turuka, nos idos de 1966, ele ainda sofria a perda recente de seu filho amado... Turuka chorava quando me contava detalhes do acidente em que Netinho morreu... Eu ficava passado só de ouvir o seu relato. Emotivo ao extremo, Turuka morreu levando as dores das perdas dos filhos queridos, o que seria o mais velho, o Netinho, e a garotinha que morreu ainda em tenra idade,Simone, a mais nova, que encantava todo mundo que a conheceu... Crente de que as almas afins se reencontram no pós morte, Turuka deve ter morrido feliz, depois de ter vivido o que viveu aqui entre nós e de ter reencontrado seus entes queridos, além do pai, Antonio Andrade.

Gracinha Torres disse...

Simão.
Obrigada por mais este momento na minha vida. Ainda vida.
Que lindo, e quanda dor para sua família.
Não esqueço nunca o dia que ficamos sabendo da morte do nosso Netinho,. Eu estava grávida e só ficava em casa, não podia me mostrar ( e estava tão linda )Coloquei por várias semanas a nossa música.

Eu vou mandar
Rosas para alguém
Triste
Lindas rosas perfumadas...

A tia Ana Torres me criticou, como você pode colocar música, quando uma pessoa morreu?

Todos iremos, quem sabe nos encontraremos lá sem tantas frustrações, sem política sem, sem, sem.

Obrigada mais uma vez e saudades.

José, Netto, Zan.
Beijos.

Simão Pedro disse...

Gracinha, agradeço teu carinho,imagino como deve ter sido boa esta convivência com o Netinho.Que música linda! você lembra o nome e quem cantava? Que legal.Nosso Netinho está feliz, tenho notícias dele do lado de lá. Ele ficará contente com sua lembrança. Um grande abraço pra você.

Simão Pedro disse...

Valeu Neto, pensei nao conhecer a musica, deu o click agora, muito obrigado emu amigo.Que momento inspirado esse da Gracinha, foi uma bela homenagem.

Simão Pedro disse...

Tem uma musica que me falaram ser a preferida do Netinho, O destino desfolhou, na voz do Carlos Galhardo essa musica fica linda.

Simão Pedro disse...

Eu vou mandar, rosas para alguém...

Gracinha Torres disse...

Linda mesmo Simão.
Emocionante, penso eu, que tocará o coração dele.
Um beijo.
Netto, José.
Beijos.

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