quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Demolição...

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José Miranda - Jornal A Luta  
 
“Comenta-se como ponto pacífico a demolição pura e simples do casarão antigo em que esteve o Mercado durante 45 anos e que cedeu seu lugar ao Mercado Modelo recém-inaugurado e já em franco funcionamento de todas as suas peças. Na verdade, a substituição do Mercado, que já não atendia às contingências do momento, por esse outro construído em tempo recorde e em moderníssimas adaptações, foi realmente espetacular e indiscutivelmente proveitosa. Ninguém de sã consciência e espírito elevado poderá deixar de aceitar monumental e grandiosa obra” (e elogia o seu construtor – Prefeito Ten. Jaime da Paz). (...) “Falam que caberá ao demolidor do velho Mercado, de saudosas tradições, fruto de trabalho realizado com minguados recursos de trinta mil réis por ano, num período de oito anos, todo o material retirado do velho prédio, como pagamento de seu difícil e cansativo serviço, ficando a Prefeitura isenta de qualquer ônus.” Ele diz que, atendendo a pedido para apresentar sua opinião, que lhe fez o citado prefeito, a respeito do destino reservado ao velho Mercado, manifestou-se pela demolição e no local fosse construída uma praça, um prolongamento da já existente, em meio da qual se destacava a Coluna da Hora, e surgiria daí um logradouro público mais amplo e mais arejado, dando uma visão nova e muito bonita aos olhos do povo e à cidade que crescia. Mas depois mudou seu pensamento, como prosseguiu no artigo: “E vem a interrogação. Por que não se evita essa demolição desnecessária e improcedente, embora sabendo-se que a Prefeitura não fará nenhuma despesa na limpeza do terreno, transformando o que era antes um Mercado num prédio para receber, englobando-os ali, todas as repartições federais e estaduais aqui sediadas e dispostas em diferentes pontos da cidade? Ademais, afora isso, estaria resguardado aquilo que em passado remotíssimo se constituiu em grande esforço e dedicação às coisas da gleba-berço de dois administradores que marcaram época com a construção do Mercado que a terra reclamava - Major Luiz (Lula) Miranda, Intendente Municipal, e Cel. Ovídio Bona, Vice-Intendente -, como acontece hoje com esse trabalho gigantesco do realizador-mor em todos os tempos na história deste glorioso Município. Naquela época era o Mercado de que carecia a gente resumida e acanhada do lugar, mas que nem por isso deixava de ter o seu valor e que com poucas transformações e cuidados higiênicos, serviu até o dia 14 de outubro deste 1972. Portanto, teve ele, mesmo nos moldes em que foi construído, uma serventia pública de 45 anos, quase alcançando o cinqüentenário de pleno atendimento aos hábitos cotidianos da gente do passado e do presente. Aí estão a tradição, a consideração e o respeito ao feito quase heróico, porquanto ultrapassara os limites do impossível, que precisam ser preservados, porque justos, desses dois filhos da terra, um já falecido, o outro ainda vivo, beirando os noventa, que, por certo, não se sentirá com forças suficientes para presenciar o desaparecimento da obra que ele ajudou a edificar, numa incansável e dura luta, que durou anos para consegui-la. E só porque outro Mercado veio para substituí-lo, querem-no agora jogar fora como sucata? Que seja reformado, ao invés disso, e verão como o Mercado que se quer demolir, embora com nova roupagem, continuará a prestar à gleba heróica os seus inestimáveis serviços que vinha prestando, só que com outras características que não as primitivas.” (...). Aí o tom de repúdio e desabafo. Mas o certo é que o panorama da praça mudou. Notem que até a torre do relógio (aqui citada) igualmente veio abaixo? E uma parte de nossa história foi para o esquecimento dos mais velhos e do desconhecimento dos mais novos.

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Fonte: José Miranda Filho
Fotos: Bacafuá do Helmo Andrade 


26 comentários:

Antonio de Souza - De Cuiabá-MT disse...

Esta última foto me transportou no tempo: eu era um moleque e me lembro muito bem desse bar na praça e da rua ao lado, onde paravam os ônibus intermunicipais e ficavam (ou ficam ainda?) localizadas as principais farmácias da cidade. Todas as manhã, a mando de minha mãe, eu saía da Rua Padre Fábio (Rua do Sol, né, "seu" Netto?) e caminhava até o glorioso Mercado Municipal, para comprar leite. Naquela época, o produto era vendido "in natura" e em garrafas (ou litros). Gostava muito de circular pelo interior do mercado, onde havia açougues. Legal demais ter a chance de recordar de um tempo tão bom como aquele. A propósito, o relógio ainda existe, como marca de um tempo glorioso?
Gostei do texto, bastante erudito, do jornal A Luta.
Parabéns pela matéria.

Nonatinho disse...

Lembro-me muito bem da praça do relógio, como era chamada.No prédio em frente ao relógio funcionava um posto de gasolina e a direita era localizado a nossa saudosa casa inglesa,outro prédio que foi demolido para a construção do banco do Brasil S.A.
Eu era menino guando o nosso saudoso rei do baião Luís Gonzaga veio fazer um shou gratuito em Campo Maior, e o local do deste evento foi realizado na referida praça e o palco de apresentação do artista foi na lage do posto de gosolina.
Quanto ao velho mercado público, este nunca sairá de minha memória,tendo em vista que nele o meu pai tinha uma bodega, que eu trabalhei por muito tempo, até guando fui estudar no Rio Grande do Norte.

Simão Pedro disse...

Concordo, muitas lembranças ainda guardo dessa triste demolição.Parece que estou vendo ainda o Paulão, taxiando sua carroça ali junto do mercado, estalava o chicote no ar e bradava: " Minniiiino diaaabo! sai do mei disgraça...Burra véea..."

José Miranda Filho disse...

João, aprovei a iniciativa sua com esta postagem. Aquele prédio do mercado e aquela torre do relógio jamais deveriam ter sido demolidos. O reaproveitamento deles seria o ideal. Todas as cidades mantém seus prédios de mercado antigos em pleno funcionamento, inclusive Teresina. Já que foi construído um mais moderno, o velho passaria a ter outra finalidade. Afinal, era parte do patrimônio histórico e arquitetônico de Campo Maior. E o relógio poderia estar batendo as horas até hoje, como faz o de nossa capital, na Praça Rio Branco.
Obrigado pela lembrança deste artigo, publicado n'A Luta.

zanzando na rede disse...

A praça da prefeitura hoje não lembra quase nada do que foram aqueles dois prédios, do chamado Mercado Velho, onde tinha venda de carnes e mercearias; o chamado mercado novo, só tinha frutas, verduras e bancas de bolo e café... Os da minha idade pra trás lembram demais de como era aquilo ali, gente...O relógio em frente onde hoje é o Banco do Brasil, o quiosque com uma plataforma em que se subia para andar por cima de onde tinha um posto de gasolina... rapaz, um destroço o que fizeram com aquilo ali...

Horácio Lima disse...

Estar entrando no ar: Rádio Clube de Campo Maior operando em ondas tropicais diretamente da Praça do Relógio para todo planeta terra, onde os ponteiros cruzam exatamente meio-dia, temperatura 28 graus, nenhuma chance de chuva, poucas nuvens, tempo convidativo para saborear um sorvete de manga alí na Petisqueira do Décio. (essa é para vc amigo Zé Miranda, companheiro de luta no Jornal A Luta).


Abraço,

sp,

Josias Bona disse...

Gostosas recordações. Abraços ao amigo Jose Miranda.

zanzando na rede disse...

Este ano, começo do ano, andei por Piripiri e alomcei ali pelo Mercado de lá, que me lembrou demais dos nossos antigos mercados velho... tudo bem ali no centro da cidade e os piripirienses preservaram do jeito que era...

José Miranda Filho disse...

Caro Horácio, muito grato pela lembrança, expressa na mensagem que me enviou. Sua descrição da praça, citações da nossa Rádio Clube e do nosso A Luta me causaram saudades. Agora, só achei engraçado um detalhe: pleno meio-dia, nenhuma chance de chuva, poucas nuvens... e a temperatura de 28 graus! Presumo que seu dedo errou de tecla, porque, afinal a do 2 é bem próxima da do 3; portanto, 38 graus!
Você, Antonio de Souza, Nonatinho, Simão, ZAN exprimiram sentimentos próprios relacionados com o cenário da praça de nosso tempo de infância/adolescência/juventude. Todos mantêm recordações muito fortes dali, e cujas descrições me emocionaram e me causaram palpável sensação de descontentamento com as demolições. E há mais que me preocupa e me entristece: pelo que pressinto, em face da ampliação da Av. Demerval Lobão até a beira do Surubim, a tradicional praça - como também a Praça José Olímpio da Paz, ao lado da igreja do Rosário, - poderá desaparecer, pois não? Será necessário que o poder público municipal tome providências no sentido de que se preserve a nossa praça, palco de muitos capítulos da história de Campo Maior. É o que se espera do Sr. Prefeito e das demais autoridades municipais.
Abraços.

Anônimo disse...

Muito boa esta postagem da foto do saudoso mercado de carne e tambem do de frutas o velho relogio o posto de gasolina da ESSO que tinha a plataforma onde o tambem saudoso LUIZ GONSAGA fez aquela apresentação inesquecivel para mim. Ali me faz lembrar alem do Paulão como ja falou o amigo Simão Pedro tinha tambem o veio Santana (Como era carinhosamente chamado por nois meninos que moravamos na praça da bandeira) que transportava os animais pequenos como porco bode carneiros em sua carroça, o Paulao transportava o bois tinha o Machadinho que era o fiscal do leite para ver se tinha agua, muitas das vezes falvam que encontravam piabas ou do surubim ou da pintada.boas lembranças obrigado paraente Neto por esta oportunidade de voltar aqueles bons tempos, masis como a nossa CAMPO MAIOR esta ficando a cidade do já teve botaram a baixo a caso do seu Ovidio do padre Zé Paulino a prefeitura e pode ter serteza que viram mais patrimonio da nossa cultura. abraço João Antonio

João de Deus "Netto" disse...

João, meu tio Altivo irmão do papai, conta que uma ocasião chegou bem cedo no mercado, quando os leiteiros ainda estavam se preparando pra vender o produto. Um deles, em potencial, tinha fama de adulterar mais da conta o que vendia, foi quando o Altivo chegou de mansinho e sussurrando quase no ouvido do concentrado leiteiro, sentenciou: -- "Estais fazendo misturas químicas?!"... Cabra deu um salto jogando leite pra todo lado.
Precisa nem dizer que é do clã dos "Dideus"!

zanzando na rede disse...

Eu lembro do show do Luiz Gonzaga no coreto da praça do Relógio. Um dos patrocinadores do evento era um parente meu de Teresina, gerente de um escritório que representava a Martini e Rossi em Teresina. Esse cidadão veio com Luiz Gonzaga e eles foram em minha casa ali na rua Senador José Euzébio. O show eu assisti ao lado de minha mãe, numa cadeira ali naquela calçada próxima à esquina do Pedro Mesquita. Não esqueço do tocador de triangulo, um anãozinho que Gonzagão chamava de Salário Mínino...Gonzagão era acompanhado também por um zabunbeiro, e isso deve ter sido por volta de 1956...

Horácio Lima disse...

Isso mesmo caro Zé Miranda, quiz dizer 38 graus, 28 graus é a temperatura mínima, isto é, quando os ventos sopram, vindos lá das bandas do Açude Grande, realmente vc tem razão meu filho, lembrando o velho Charinha.


sp,

Horácio Lima disse...

Mercado Velho, quantas lembranças e histórias arquivadas na velocidade do tempo. Lembro que, bem próximo ao Mercado ficava um senhor em local fixo com o seu carrinho ambulante que vendia um delicioso mingau de milho, o famoso "chá de burro", todas às manhãs estava ele lá com seu panelaço de alumínio esfumaçando, e para incrementar adicionava a gosto do freguês com canela em pó. Como diz o mineirinho: "rapaz, o trem é bom demais sô". Esse personagem campomaiorense eu não sei se ainda está vivo, se não me engano o nome dele é o Sr. Chico ou carinhosamente Sr. Chico do Mingau, me corrigam se eu tiver errado.

Abraços,

sp,

José Miranda Filho disse...

Bem vi, caro Horácio, que houve escorregão do dedo. 38º, e olhe lá, talvez uns 40º! Sim, o tempo refrescava - e aí podíamos ter cerca de 28º - quando os ventos sopravam por cima do Açude Grande, vindos do litoral. Isso ocorria por volta das 10 da noite. Chamava-se o vento de Pororoca.
Meu amigo Josias Bona, quando digitei e enviei meu comentário anterior, o último era do Horácio, no qual ele começa mencionando a Rádio Clube. O seu ainda não estava ali. Por isso, não agradeci a você o atencioso abraço, como deixei de retribuir, o que faço agora.
ZAN, acho que o show do Luiz Gonzaga não aconteceu em 1956, mas um pouco antes, talvez em 55, ou em 54, se não exagero. Os meninos daquele tempo e velhinhos de hoje ponham a k-7 pra rodar no surrado toca-fita a fim de verem se escutam a data correta do show do rei. Darei um LP dele a quem acertar!

José Miranda Filho disse...

O Mercado Velho possuía um complexo de 2 prédios, como diz o ZAN ali em cima. O mais antigo, vimos, naquele artigo d'A Luta, o resumo da história de sua construção. Nele se vendia carne de tudo o que era bicho comestível, e funcionavam várias lojas de variados artigos. O outro, onde se vendiam frutas, foi erguido posteriormente pelo Prefeito Waldeck Bona, década de 50. Na época de sua construção, o lugar, entre as paredes que se levantavam aos pouquinhos, serviu de reduto de namoros mais "calientes", sabem? Prova é, recordo esta historieta real, que a empregadinha da minha casa, morena bonita, digna de fita hollywoodiana, estava demorando a retornar do passeio noturno, preocupando minha mãe, que tinha grande zelo por ela. Com o correr do tempo e a Raimundinha (minha mãe) já aflita, meu pai não se conteve e partiu para a busca da moça. Depois de procurá-la em vários pontos, deu com ela nas obras do mercado de frutas, em plenos braços da volúpia. O resultado foi um prolongamento de noite cheio de "sermões" com o fim de se endireitar futuro comportamento da jovem afoita.

Nonatinho disse...

Meu amigo ZAN velho companheiro do ginásio estadual,voce esteve em Piripiri e não me procurou,fica me devendo por esta, meu telefone é (86)3276-1985 e 9405-0612, moro em Piripiri à 35 anos.
Voltando a falar do show de Luís Gonzaga o patrocinador principal era o conhaque de São João da Barra, pois foi contemplado com um mininhatura de um litro do referido produto. Um forte abraço Nonatinho.

Nonatinho disse...

Tenho uma vaga lembrança que o posto de gasolina era da Texaco e não da Esso.

Nonatinho disse...

No mercado municipal, tinha dois vendores de chá de burro que se chamavam Bento do mingau e Veio do mingau, o segundo foi bedel do ginásio Estadual, pai do meu amigo R.Nonato Cardoso compaheiro de colégio agrícola de Jundiaí no Rio Grande do Norte, hoje gerente do banco do Nordeste em Esperantina.

zanzando na rede disse...

Eu só digo que foi por volta de 56, Zémiranda, porque minha querida mãe faleceu em julho de 57... voce deve estar certo, quanto à data, o ano do show...

José Miranda Filho disse...

ZAN, tua mãe, minha bondosa tia Adelaide, em bom lugar, faleceu em julho/1957. A minha foi também para a felicidade eterna, praticamente um ano antes, isto é, em agosto/1956. O show do Luiz Gonzaga ainda foi assistido por ela. Agora, só nos resta conferir o mês do espetáculo para acabar com a nossa dúvida. Se ocorreu antes de agosto, pode até haver sido em 56 mesmo.

Júnior Araújo disse...

Horácio, o seu Chico do Mingau, ou véi do mingau como diz o Nonatinho faleceu nesse recentemente em Campo Maior. Nonatinho, o R. Nonato Cardoso era se não me falha a memória o apelido de Carburito, não era?! O outro comerciante de chá de burro era o saudoso Bento, e ainda tinha outro lá do bairro de Flores que não lembro o nome, mas era irmão do Manoel Cristino.
Abraço à todos

João de Deus Netto disse...

Nós tínhamos uma "leiteirinha" que na verdade era uma "mingalinha" (ôrra!) diarista. O leite era na garrafa de vrido. E queria ver me estragarem o delicioso MINGAU MARANHENSE? Por favor, canela NÂÂO!!!

José Miranda Filho disse...

Aí em cima, ô povo pra se lembrar de gente - de quem não me lembro mais -; é a caduquice cá chegando!

João - coitado,só "mingalinha"! -, e sabermos nós que vivíamos num lugar onde havia banhos de leite...!

Anônimo disse...

Realmente devemos conter a demolição e manter os predios historicos de nossa terra erguidos. Mas a atitude de reinviidicar, de lutar, de se contrapor a estas demolições devem acontecer antes do acontecido, não depois de dezenas de anos. Alguns predios historicos foram abaixo pelo descuido das autoridades ou dos proprietarios. Outros foram demolidos mesmo, mas nesta oportunidade não se ouviu nenhuma voz se levantar pra que impedisse estas demolições. Acho que o orgão responsavel pela preservação do patrimonio de nossa terra deveria mapear e catologar estes predios e protege-los de reformas e demolições, se isto a lei permitir.

Anônimo disse...

Caro Amigo Junior Araujo como é que está por ai no Parana muito frio aqui no nosso Piauí muito calor. o nosso amigo BENTO tambem vendia o famoso geladinho raspadinho de gelo na esquina da quitanda do Tio do Mundico Belchior, lembranças boas lembra do Zé da Egua do velho fogoso avô do Luis Bodão o velho Tinindo Avô do Carbureto quantas pessoas que nos levam ao passado. Abraço aos amigos visittantes do BITOROCARA. joao Antonio

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