quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

ZEFERINO NETO

O Prefeito Raimundo Andrade e alguns dos seus secretários.

A primeira lembrança que tenho do professor Raimundinho Andrade não foi muito boa. Corria o ano de 1959 e iniciava o meu primeiro ano ginasial no Colégio Santo Antonio Antonio. E tinha medo de Matemática. E mais medo ainda do professor de matemática, justo ele. Raimundinho, como a maioria dos professores do Ginásio Santo Antonio, acredito, metiam medo naquela molecada começando a despontar em suas adolescências juvenilidades escolares. Ganhei o mundo e voltei pra Campo Maior anos depois (no que reincido com uma regularidade já previsível, ninguém é perfeito). E com quem me deparo? Com o mesmo professor Raimundinho, no Colégio Estadual, noturno, que funcionava no mesmo Ginásio Santo Antonio, dessa vez terminando o Ginásio. Já não tinha mais medo de matemática e era um dos bons alunos da turma, pra não dizer o melhor ou o menos ruim. No fim do ano me convidou pra trabalhar na Prefeitura, onde passou quatro anos que ficaram na história da cidade como uma das melhores administrações. Dois anos depois me passa suas turmas não só no Colégio Estadual como no ginásio Santo Antonio. Foi uma das pessoas que mais acreditou em mim e decisivo em muito do que eu sou e faço. Era um de suas boas características como pessoa. Acreditar no valor dos outros e lhes dar oportunidade. Não sou a pessoa mais indicada pra falar dele, porque só lhe via vejo qualidades. Defeitos provavelmente os tinha, mas disso que falem dele os que não lhe eram amigos.

Fotos: Museu do Paulo& BitorocaraNews

19 comentários:

Anônimo disse...

Zan, já procurei muitos defeitos no vovô, mas até os que achei acabei percebendo que eram apenas disfarce pra alguma virtude.
Desde que me entendi por gente acho o vovô um idealista, um vanguardista: sempre me vêm à mente a citação de Lima Barreto "você, Quaresma, é um visionário" para descrevê-lo. Já me contaram várias facetas suas: da estátua da índia que ele projetou pra Praça Rui Barbosa e as beatas mandaram tirar só porque estava nua (!!); das aulas que dava para alunos um ano adiantados em relação a ele; de ter terminado o Ginásio já casado, estudando à distância e junto com os irmãos mais novos que ajudara a criar; do professor temido mas adorado; do comerciário, do arquiteto, do mecenas, do empresário, do agricultor (e mais uma vez reaparece o "Policarpo Quaresma" com seus projetos para o progresso de Campo Maior). Isso sem contar nas facetas menos públicas: de irmão-pai, marido, pai, sogro, avô... todas singulares, vividas ao seu jeito especial. Por isso, faço minhas as suas palavras: deixo os defeitos para os inimigos, se é que realmente teve algum.

Anônimo disse...

Os defeitos do seu avô eram defeitos decorrentes de suas qualidades. Como era uma pessoa extremamente criteriosa, justa e honesta, era visto por alguns como chato, convencido, pernóstico. Enquanto foi prefeito volta e meia saiam uns "boletins" (panfletos distribuidos nas portas das casas na calada da noite) dos seus adversários falando cobras e lagartos dele. Eram provocações na verdade. Lembro que ganhou algumas alcunhas maliciosas dos seus adversários de então:"professor chiqueiro", era uma delas, porque mandou plantar árvores nas ruas e cercá-las com chiqueirinhos para que não fossem arrancadas ou destruidas. Quando comprou um apartamento em Brasília, isso foi motivo de dizerem que o fez com o dinheiro que roubara da Prefeitura. Quem conhecia a pessoa sabia o quanto isso era mentira. Não pegava nele esse tipo de calúnia.

Anônimo disse...

Parabéns ao Bitorocara pelo gol de placa.

Tudo que se relatar sobre as qualidades de RAIMUNDINHO ANDRADE, ainda se terá dito por menos.

A ele devo o meu ingresso e permanência no Ginásio Santo Antonio(1.959 a 1.962).

Bom professor; Amigo leal; Excelente administrador; Ecologista de vanguarda; Grande pai-de-família; Cidadão escorreito.

Exemplo a ser seguido por várias gerações.

As seus familiares o meu respeito e eternas saudades do querido mestre.

Anônimo disse...

Caro conterrâneo
Parabenizo-o mais uma vez pela divulgação das boas lembranças de nossa Campo Maior. O professor Raimundinho Andrade (meu estimado primo, de 2° grau)foi de fato um marco, não somente na administração municipal da cidade, mas sobretudo na área educacional. Fui também seu aluno e, não obstante o parentesco , sentia pavor do homem como professor. Na realidade, foi o maior educador da inesquecível "sorbone" (Ginásio Sto. Antônio) ao lado de muitos outros oportunamente citados por você (Mons. Mateus, Aluísio Portela, Lina Bona, Chagas Campos, Dr. Joaquim Oliveira -- como era bom o seu francês).
Cordial abraço.

Anônimo disse...

SUPERZAN,

Raimundo praça, Raimundo chiqueiro, Raimundo Beleza... foram alcunhas que adversários e simpatizantes atriibuíram ao Professor Raimundinho, por causa de sua preocupação com a beleza das praças, com a arborização da cidade, com a limpesa das ruas. Inegavelmente o melhor prefeito que Campo Maior já teve.

Anônimo disse...

Alô, ZAN, você que trabalhou na prefeitura nesta época, diga pra nós os nomes desses secretários do grande e saudoso Raimundinho Andrade?

Anônimo disse...

Milton, cê quer me comprometer, canalha. Tinha o secretário geral que era o Raimundo Antonio Ibiapina, meu grande amigo que não vejo há séculos, Tesoureiro, Aureliano, Educação, Marion Saraiva, Assessoria Jurídica, Dr. Joaquim Oliveira, o resto não lembro, cara, vou ficar devendo...

Anônimo disse...

SuperZan,
Tanto o Raimundo Antonio Ibiapina quanto o Antonio Raimundo Ibiapina já partiram pro andar de cima.

Anônimo disse...

Realmente o Prof Raimundinho Andrade já era um defensor ferrenho da natureza. Um ambientalista nas décadas de 60 e 70? O povo não tinha idéia do que isso significava. Genialidade pura.

Ana Bona Andrade disse...

O que dizer de tão valiosas palavras em relação ao meu saudoso pai, estas verdades que cada um diz, só aumenta o meu orgulho de ter convivido com pessoa tão especial, agradeço a todos e aliada a eles e a você, só posso dizer esta saudade se transforma num verdadeiro sentimento de gratidão e reconhecimento, pra ser mais clara modestia ele era demais como pai, avô, amigo e acima de tudo como ser Humano...

faustobarros disse...

poxa! que interessante o que o BITORACARABLOG/NEWS divulga, estou virando fã de carteirinha. Sou capomaiorense amo minha terra e gosto de ouvir e ver tudo que se refere a este torrão, a este povo a esta cultura. PRETENDO FAZER ISSO TAMBEM.

Anônimo disse...

MANHÃ DE DOMINGO DO DIA 28/06/70, PROF. RAIMUNDINHO ESTACIONA SUA RURAL NA PORTA DA FARMÁCIA POPULAR,ESTAVA LOTADA DE AMIGOS,O DESTINO? UM PASSEIO NA SERRA. MEU PAI CAMINHAVA EM DIREÇÃO DA RURAL,LOGO ATRÁS EU O SEGUIA FELIZ DA VIDA, QUANDO DE REPENTE FUI BARRADO PELO PROFESSOR E POR TODO O GRUPO,O PASSEIO ERA PARA ADULTOS EU SÓ TINHA O6 ANOS,ERA UMA IMPRUDÊNCIA LEVAR UMA CRIANÇA NAQUELA AVENTURA,DE REPENTE O IRMÃO TURUKA INTERFERE,SÓ IRIA AO PASSEIO SE EU FOSSE TAMBÉM, TODOS SILENCIARAM, ENTREI NAQUELE CARRO ENXUGANDO AS LÁGRIMAS E JÁ SORRINDO, ERA A NOSSA ÚLTIMA VIAGEM, O PROFESSOR NÃO SABIA... NAQULE MESMO DIA, AO CAIR DA NOITE O TURUKA DESENCARNAVA, FOI TAMBÉM ESTA,A ÚLTIMA VÊZ QUE ENTREI NAQUELA RURAL.
Simão Pedro

Netto de Deus disse...

Olá, Fausto Barros!
Seja bem-vindo, "campomaiorense"!

Estou vendo que neste momento estamos com temperatura de 17ºC; quer dizer, já começa a "esquentar" para os nativos de Curitiba; pra mim, agradável, manga de camisa, essas coisas. Agora, Simão Pedro, confesso que me arrepiei com seu testemunho. Como diria o Nelson Rodrigues: é o Sobrenatural de Almeida entre nós!

Anônimo disse...

Quando a gente sabe que algum amigo morreu e a gente não sabia, vem à memória da piada do político:"morreu pra vc. filho ingrato..." Eu não faço esta gozação, mas lamento que é mais um amigo que não reverei nos próximos dias. Em conversa aqui com os parentes fico impressionado com a quantidade de gente conhecida que morreu nestes anos todos. Enfim, resta a esperança de os encontrá-los em outra instância e dimensão... o que é tão inevitável quanto a morte.

Anônimo disse...

Guerrilheiro Zan, essas pessoas que se foram precocemente eram pacíficas, bate-boca, essas coisas do cotidiano. E você, guerrilheiro do couro dos costado grosso, saco de pancada de valentóes, figuróes, continua na labuta e desafiando a luta!
Esse é o verdadeiro pai de chiqueiro de Campo Maior. Não vou nem falar da competência e do talento. Pelo visto bode Zan, vocè está abrindo mais uma temporada de conterrâneoas de volta pra casa.
Boa sorte e me aguarde.

Anônimo disse...

Chagas, seu comentário era tudo o que eu tou precisando ouvir hoje agora nesse momento. Bode véi zan tem hora que quer desistir, bicho, é porrada demais de tudo quanto é lado...A gente pensa que se acostuma mas dói pra cacete...

Anônimo disse...

ZAN, você não vai desistir nunca. Os idealistas jamais se entregam. É como me disse Totó Ribeiro: nunca curve o "espinhaço" pra ninguém. Às vezes, mudamos a forma de lutar, porém, conservamos sempre, a honra, a dignidade, a honestidade, a combatividade e, o essencial, a liberdade, de pensar, de criar e de viver. Falo como o Chagas, boa sorte e me aguarde. Eu também, com a benção do Pai Celestial, pretendo encerrar esta minha passagem, por este Plano, na terra que me serviu de berço, tendo como últimas imagens, a linda Serra, e as águas, espero que despoluídas, do Açude Grande.

Anônimo disse...

Na verdade a gente tem que fazer como o gato, como diz o povo na sua sabedoria:"comendo e miando". Pra nós, os bodes véis, a regra é:"apanhando e sorrindo", pros que batem na gente não ficarem batendo e sorrindo...

Moacir Ximenes disse...

Simão Pedro esse comentário sobre o senhor Turuka ( a rural, o passeio...) foi emocionante (pra eu que também já enterrei meu pai). São as belas memórias do mundo do sr. ZAN!

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