segunda-feira, 6 de abril de 2009

OS MESTRES ESCOLAS

Professoras Briolanja Oliveira, Marion Saraiva, Lina Bona e Francisca Tereza Andrade. No quadro da parede, Josefa Lima.

Irmão Turuka

Dos problemas do povo, o menos olhado no passado foi o da instrução. Os mais avançados no ideal de alfabetizar os filhos, contratavam um “sabido” para dar alguns meses de aula. Meu pai teve dois meses de aula, só.
Os coronéis filosofavam: “Quem quiser ter escravo, não dê alforria”. Os pais afirmavam: “Moça que aprende a ler, é só para fazer bilhete para o namorado”. Os caudilhos teem pavor de esclarecer o povo, medo dos lideres verdadeiros que a instrução redime.
A primeira aula de latim foi ministrada pelo mestre José Lobo Fróes, em 15 de janeiro de 1822. Neste mesmo ano, em Lisboa, o deputado Pe. Domingos da Conceição conseguia a aprovação de um projeto para a criação de mais sete escolas públicas em municípios piauienses, com a anuidade de 120$000 (contos de réis) para cada mestre. Campo Maior ganhou uma dessas escolas e mais uma outra de gramática latina cujo mestre ganharia Rs. 260$000 (contos de réis) por ano.
Em 24 de janeiro de 1913, quando o Piauí festejava mais um aniversário de sua Independência, o Governador do Estado entregava os 15 primeiros Diplomas de Professores às seguintes normalistas: Luiza Sobral Lima, Evangelina A. e Silva, BRIOLANJA OLIVEIRA, Maria Gonçalves Vilhena, Lina Gaioso, Rolila Souza, áurea Pires, Alzira de Castro e Silva, Maria Evangelina Fortes, Alzira Freire, Luiza Pinheiro, Lídia Cunha, Alice Couto, Maria do Ó Barros e Alzira Freitas.
Sobre estes pilares de sabedoria assentou-se a grandeza intelectual do Piauí. Gostaria muito mais ainda de deixar gravado os nomes dos mestres que sem nunca saírem do anonimato histórico, se glorificaram pelo que fizeram ao povo desta terra. E a homenagem a estes heróis desconhecidos e nunca lembrados, trago de público três nomes que para mim simbolizam a santificada missão de ensinar: Iaiá Moura, Mocinha da Costa Araújo e Josefa Lima.
Ainda hoje as condições de sobrevivência das professoras, especialmente as leigas, são mínimas. Acreditando, porém, no dizer de Olavo Bilac: “O único bem verdadeiro da vida é a esperança”, por isso que ainda tenho fé num futuro melhor para nossas esquecidas professoras.

Matéria publicada no jornal A Luta, em 27/10/1968
Fotos: Museu do Paulo & BitorocaraNews.

Nota do BitorocaraNews:

Irmão Turuka [Antônio Andrade Filho]. Comerciante, espírita, contista, memorialista, cronista, contador de ”causos” e jornalista quando era impossível se imaginar que um dia existiriam centenas de faculdades de formação de comunicólogos. Fico imaginando se alguém, ali na esquina do Pedro Mesquita, profetizasse que num futuro não muito distante os jornais e revistas não seriam mais de papel... Meduna nele!
Infelizmente não conseguimos localizar no rico acervo fotográfico do Museu do Paulo&BitorocaraNews, as fotos das professoras Iaiá Moura e Mocinha da Costa Araújo, citadas na matéria pelo atualíssimo Irmão Turuka. Acreditamos, porém, que as “mestras” Marion Saraiva, Lina Bona e Francisca Tereza Andrade, ilustram à altura a classe operária que sempre teve nas mãos e nas mentes , “a santificada missão de ensinar”, como relata o autor da matéria.
[João de Deus Netto]

25 comentários:

Artur disse...

Curioso: a tia Briolanja, que é minha tia-bisavó por parte de mãe, era também parenta querida do meu avô paterno Raimundinho (e, por conseguinte, da D. Francisca Teresa de Jesus Andrade Rosa). Já a tia Lina é minha tia-avó por parte de pai, tanto quanto a Francisca Teresa, e cunhada do Prof. Raimundinho... A conclusão é que, em Campo Maior, quem tem calcanhares pra trás acaba sendo da família! E que família honorável!

Luzia Oliveira disse...

Artur, de tal modo e de maneiras tais, todo carcanhar é pra trás. Portanto, nós campomaiorenses, na realidade, somos uma imensa família com sobrenomes diferentes.
Um abraço.

Sirleide - de Sobradinho - DF disse...

Lendo a matéria onde diz que os caudilhos tem pavor de esclarecer o povo, o exemplo estamos vivendo por estes dias em Campo Maior. O povo acordou da enganação e agora é porrada pra todo lado nos pilantras que destruíram Campo Maior nestes últimos 20 anos. Mesmo se houver outra eleição em Campo Maior, aí é que a taca vai ser grande. O povo tá revoltado porque jogaram o voto deles na lata do lixo que o César Melo e o pilantra do Carbureto deixavam de propósito no meio da Demerval Lobão. Agora aparece esse aventureiro do PT qurendo ser prefeito a qualquer custo. Esquece esse festeiro vendedor de cachaça que a vitória do povo foi consentida pelo TSE em Brasília. Isso vai render muito ainda. Vamos cuidadr da vida. Toca pra frente prefeito Joãozinho, você terá o apoio incondicional do povo campomaiorense. Estive aí com minha família no Natal e vimos o quanto Campo maior ficou linda. Não queremos outro Carbureto fantasiado de vermelho com uma estrela apagada na testa.

Tiago Melo disse...

Sirleide, sabe como vai ser essa surra que você fala se houver outra eleição? Basta o Joãozinho apoiar qualquer outro candidato, o deputado irmão dele, a esposa ou se não puder, bota o vigia da praça que tem mais amor a nossa cidade do que esses aventureiros.

Afonso disse...

Sr, Netto, faz uma matéria sobre mais esse golpe que querem aplicar na nossa Campo Maior. Seu blog é lido no Brasil todo por muitos campomaiorenses que estão fora e não tão vendo o quanto Campo Maior mudou pra 1000% melhor. Fé em Deus o TSE vai admitir que foram eles que validaram a candidatura do melhor prefeito que já apareceu desde o Prof. raimundinho e o cabôco competente e honesto Mamede Lima.

Rosalvo - de Boa Vista(RO) disse...

Interessante é como essa justiça foi rápida no gatilho. Quanta eficiência quando se sabe que eles são que nem jabuti quando a questão envolve um pobre que rouba um saco de leite em pó pra dar pro filho faminto. A pergunta é, quem diacho é esse Paulo Martins? É filho de quem aí Campo Maior?

Anônimo disse...

Rosalvo, o p. martins é fi de rapariga

Anônimo disse...

Não adianta chorar, o PT chefiado pelo Paulo Martins vai tomar a prefeitura. Pode se esguelar que porco também se esguela e acaba morrendo com uma machadada no cangote.

Gabriel dos Anjos disse...

Pessoal, aonde é que entra as Queridas mestras nesta pendenga política envolvendo essa política nojenta?

zan disse...

Criaturas, como é que vcs. mudam de assunto e começam a falar de política partidária eleitoral, hem, cambada de coisa? A matéria é sobre essas heroinas que nos ensinaram o que sabiam por míseros trocados, ô paspalhos!!!! Se toquem cambada, pelo amor de Deus...

Washington Araújo, de Fortaleza disse...

Valeu, ZAN!

A história da educação em Campo Maior merece ser resgatada.
É importante reverenciar a memória de nossos abnegados Mestres.
A fundação do Ginásio foi um marco importante para o desenvolvimento da cidade e a sua história merece ser contada.
Quem se habilita a fazer essa pesquisa?

Silveira Lacerda - De Niterói (RJ) disse...

Sr. João de Deus Netto, e por falar em fábrica de jornalistas, olha só quem nunca sentou num banco dessas faculdades de comunicação da esquina mais próxima: Boris Casoy, Joelmir Betting, Millor Fernandes, Paulo Francis, Carlos Castelo Branco - o maior jornalista político da história da imprensa brasileira - , o campomaiorense Abdias Silva - um dos melhores jornalistas barasileiros; descoberto pelo escritor gaúcho, Érico Veríssimo - Joelmir Betting, Raquel de Queiroz, Rui Barbosa(Advogado), Totó Barbosa, Zeferino Neto(ZAN), Zé Miranda(A Luta), Reginaldo Lima - pernambucano falecido em C. Maior, Deoclécio Dantas(advogado), Carlos Said(Advogado), Alberoni Lemos (pai e filho), Deusdeth Nunes Garrincha(advogado e bancário), José Lopes dos Santos(advogado), Irmão Turuka, dono de um delicioso e fácil texto, seu filho, Paulo Turuka - foi correspondente dos jornais O Globo e Jornal do Brasil (RJ) e do O Povo(CE), em Teresina.
E aí algum "anônimo" descobrirá a pólvora: "Naquele tempo não tinha faculdade!".
-"Graças a Deus!". Responderá alguém da Folha de São Paulo, jornal que menospreza diploma pra quem não tem nem cacoete pra jornalismo, e pra quem faz vestibular pra comunicação, por achar que é a maneira mais fácil de se tornar um universitário.
PS. Sou piauiense. Advinhem de onde?

zan disse...

Brigadão, Silveira, por me incluir nesse magote de feras... Particularmente nunca tive coragem de me intitular jornalista pra não melindrar os mais sensíveis. Considero-me apenas um digitador de textos...

Mirna Lopes - do Rio de Janeiro disse...

Zan, nessa lista aí eu incluiria o Zuenir Ventura, os Robertos Marinhos e o combatente Samuel Wainer da antiga Última Hora (Rio e S. Paulo).
Ia esquecendo do Joel Silveira e do Carlos Lacerda, também governador da antiga Guanabara (RJ). Falar do Rubem Braga também já seria demais para essa geração que escreve tanta porcaria marrom na, na chamada dita (dura) grande imprensa.
Sou filha de piauiense por parte de pai.
Gostei do Blog.

Ricardo Reis disse...

Silveira Lacerda, após citar Rui Barbosa, você menciona Totó Barbosa. Não seria Totó Ribeiro?. Se for, realmente era, como todos os outros citados, um grande homem. Totó Ribeiro é exemplo de cidadão digno, guerreiro e idealista, que combateu o bom combate, sem corromper-se. Tenho por ele, esteja onde estiver, estima e respeito.

Judilão disse...

Ricardo Reis, ou para os íntimos...Ricardinho, faltou voce nessa lista, não achas?
Voce tambem é um escritor, um poeta, um ébrio...Um cara boa praça. O Júnior do seu Chico Araújo disse que voces vão se encontrar nos festejos de Santo Antonio lá em Campo Maior. Se eu puder sair daquí de Boa Vista acho que nos encontraremos lá

Silveira disse...

Ricardo, obrigado pela correção. Totó Barbosa foi um grande fotógrafo de Teresina nos anos 60/70. Totó Ribeiro foi um cidadão combatente e por causa disso perseguido pelo regime militar na alegação de que era comunista. Era sim, mas não era corrupto, picareta, bajulador de milico e, acima de tudo, esse amanauara (de Manaus)amava Campo Maior mais do que os não comunista da terrinha que viviam dando dinheiro para os babões da paróquia.

zan disse...

Comungo da maliciosa idéia do Mino Carta de que os Marinhos não eram jornalistas e sim donos de jornais, o que, pra ele faz muita diferença. Ponto de vista, respeito isso nos outros e em mim. No mais fecho com vc., Mirna. Lacerda era mais um agitador político do lado errado, acho eu, do que jornalista. Assisti ele aqui em Campo Maior, 1967, ao lado do relógio que ficava na Praça do próprio, criticar terem transformado um prédio que era pra ser uma escola, em quartel. Foi cassado logo depois. Era passional demais, sua fala era pura emoção e veneno. Castigado por ter acreditado demais no ideário "democrático e moralizador" dos golpistas de 64.

Ricardo Reis disse...

Judilão, agradeço pelo elogio, porém, sei que ainda tenho que andar muito, para, pelo menos tentar me aproximar, em termos de trabalho produzido, das pessoas que foram citadas. Carrego na consciência, a certeza de que tenho pautado a minha conduta, na correção, honestidade, combatividade e companheirismo, entretanto, é preciso fazer bem mais, em benefício da sociedade e dos que, por motivos diversos, não conseguem caminhar sozinhos. Temos que trabalhar.
Judilão, o Afonso Miranda (afonsinho), te passou uma informação errada, não sou ébrio com tanta regularidade, porém, vez por outra, quando lembro de Campo Maior, do açude grande e dos amigos, tomo um pequeno porre.
Um forte abraço a todos.

Silveira Lacerda - De Niterói (RJ) disse...

Zan, o Roberto Marinho era um jornalista Acontece que quando o velho pai dele, Irineu Marinho (esse, sim, um jornalista de batente), morreu, o filho assumiu e enpastelou o texto. Está acontecendo isso na folha de São Paulo: o velho Frias morreu ano passado aí o filho mostrou as unhas, assumindo que é um safado a serviço da burguesia, da direita da avenida Paulista. Tal qual o Roberto Marinho, já pegou o império azeitado e, como o outro filhinho de paizão, está jogando no lixo o fruto do competente pai. A Folha tá com dificuldade e de conluio com a Veja que também tá com os dias contado.
Já trabalhei como estagiário nos bons tempos do JB da Avenida Brasil, 500.
Um abraço.
É isso.

zan disse...

Meu guru Mino Carta se incomoda com a idéia de chamar donos de jornais como Roberto Marinho, de jornalista; ele acha que isso é sabugismo. Eu seria menos contundente e e acho que ele foi mais dono de jornal que jornalista. O caso da Folha e mais complicado. O velho Otávio Frias estava a frente do jornal quando apoiaram o golpe de 64. Quando o Otavinho assumiu o comando do jornal, a Folha já tinha uma boa imagem por conta da passagem do Cláudio Abramo pela chefia da redação, transformando um jornaleco insignificante num grande jornal, talvez o maior e mais importante do país até hoje. Agora, a arrogância do Otavinho contamina toda a sua equipe e principalmente depois da eleição do Lula, perdeu a credibilidade porque não consegue minimamente ter isenção pra cobrir política. Os articulistas e blogueiros políticos vivem da imagem que se tinha deles quando a Folha era conta a ditadura. Isso foi muito ruim pro jornalismo brasileiro.

zan disse...

Cruzei com a professora Lina Bona agora de manhã em frente à Prefeitura. Quase não me reconheceu, andava com uma filha do Estacial.

Raimundo Nonato Alves Rodrigues (Nonatinho) disse...

Gostaria que este Blog, fizesse uma pesquisa e publicar sobre a Escola Reunida Coronel Eulálio Filho, era uma escola municipal que funcionava na rua Rafael Oliveira, bairro estação antigo SUNGUELO, perto da antiga residência do sr.João Félix. Neste estabelecimento de ensino, foi onde eu e meus irmãos Erasmo e Chichico, iniciamos nossos estudos.
Lecionavam na época com muito amor, carinho e dedicação D. Dalva minha primeira professora, D. Dalvanir filho do Sr. Bengala funcionário da prefeitura, D. Mirosinha esposa do Sr. Antônio Andrade, Amélia Ximendes e Terezinha Ximendes filhas do Sr. Abdias Ximendes um ótimo alfaiate, D. Erondina irmã do Dr. Francisco Oliveira por parte de pai. Não podia deixar citar o nome humilde e grande zeladora minha tia Antônia
Carvalho, mãe do Deusdete Carvalho, Raimundo (Camões), José (Zerica), Aldaberto (Bogó), Francisco (Fogoió).
Peço minhas desculpas as famílias ou professoras da época desta escola, por não ter citados os seus nomes, pois a minha memória não me ajudou.
Nesta oportunidade, quero parabenizar este Blog pelo conteudo
de informação sobre nossa querida cidade de Campo Maior, fatos e fotos que como filho dessa terra não tinha conhecimento. Outra coisa
importante do mesmo, é localizar conterraneos que escafedeu de nossa
cidade, parabem mesmo.
Um forte abraço
Nonatinho.

ConcitaMelo disse...

Gostaria de tornar público minha satisfação em ver as "figurinhas" de Dona Lina,a Profª. de Portugues, Francisca Tereza do saudoso Ginásio Santo Antonio - ícone escolar de CMaior em anos idos. E tb relembrar a escola de reforço escolar N.S. Auxiliadora, da Dona Josefa Lima. Valeuuuu !!!

José Miranda Filho disse...

Vejam-me atrasado no tempo. Estou quase sempre atrasado na leitura de matérias postadas no Bitorocara.
Por exemplo, o Silveira Lacerda, de NITERÓI/RJ, afirmou, em abril/2009, ser piauiense e solicita que se adivinhe "de onde". Por essa relação de pessoas daqui que ele apresentou, dá até pra desconfiar, não? Deve ser de perto...

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