quinta-feira, 9 de julho de 2009

O IRREQUIETO BELCHIOR NETO

João de Deus Netto

A experiência na adolescência como “peladeiro” ali pelas bandas da “baixinha”; “campinho” e “baixona”, na maioria das vezes resultava em maus tratos à “pelota”. Nada de mais: o fato de sermos do país do futebol não nos dá o atestado de discípulo do Rei Edson, primeiro e único. Aí o filho da dona Rita foi ser contato de publicidade pra jornal. A luta era árdua; o “clichê” era de zinco; a feitura do jornal era lenta e o lucro era menor do que o número de leitores. Então o filho do seu Raimundo Belchior (pasmem!) cismou de montar uma “scuderia” para um campeonato autobilístico de Fórmula Ghia em pleno sertão nordestino, nas florestas de carnaúba de Bitorocara! Os irmãos Terezinha, Ozana, Bonifácio e Iolanda sugeriram que ao invés dessa investida delirante, o “Mundico” procurasse ajuda com um certo Dr. Clidenor Santos, em Teresina, que ao invés do ronco de motores e cheiro de gasolina, usava uma revolucionária terapia musical em casos extremos como esse. – “Quem sabe tu não vira um músico e vai tocar nos “Amantes” do João Sérgio?” Incentivou um amigo e vizinho de nome Tito, da Rua do Sol. Lá vai o Mundico Belchior pra Teresina procurar a tal ajuda. Dias depois voltava ele de carona com um moço de nome Olavo que na época estava encegueirado e arriado os quatro pneus do seu carrão da moda, por uma bonita moça da “nossa melhor sociedade”. O playboy estava tão entusiasmado que se prontificou até a patrocinar a empreitada do Mundico Fittipaldi, de cara, com uma máquina de cor vermelha que era uma verdadeira Ferrari: o Karman Ghia era a sensação do final dos anos 60.
Ficou decidido que os treinos seriam na veloz pista da BR que margeia o nosso açude grande. E foi na curva do final do paredão do lado do bairro de Fátima que entrou água nos planos do nosso Mundico Barrichelo ir morar em Mônaco. Comentou-se na época que o arrojado piloto da Rua do Sol alegou que a pista estava muito emburrachada pelos pneus das dezenas de caminhões que por ali trafega, e lisa por causa do calor de 42 graus. Além disso, ele também contava com a ajuda do açude na falta da brita e daqueles montes de pneus que amorteceria alguma falha, mesmo ele não sabendo nadar!
O veloz piloto de Campo Maior chegou a ser juiz de futebol do campeonato Intermunicipal e de jogos especiais com celebridades, mas desistiu por causa dos “elogios” em coro que a galera fazia pra saudosa genitora do nosso Romualdo Arpi Filho. Tempos depois, aos 42 minutos do segundo tempo o irrequieto Mundico descobriu sua verdadeira vocação: entrou para o Banco do Brasil, um dos empregos mais cobiçados de todos os tempos. Casou, aposentou-se e calou a boca dos desafetos e invejosos do seu tempo. Hoje vive feliz com a sua bonita e inteligente esposa Cláudia e família; e pra mostrar como ele nunca foi “pé frio”, é só reparar que o maior Banco do Brasil nunca quebrou.
Dá-lhe, Raimundo Belchior Neto!

O ator Toni Ramos; o radialista e empresário de shows, Antonio Emídio e o juiz da Federação Piauiense de Futebol, Belchior Neto, no Albertão, em 1974.

Fotocharge: Bitorocara+
Foto: Baú do Mundico&Bitorocara+

12 comentários:

zan disse...

Quem vê o Belchior hoje, esquece essas muitas faces dele ao longo de sua trajetória de vida. Posso dizer que quase o considero um primo ou sobrinho. Morava ali na praça José Miranda e a mãe e irmãs dele eram muito amigas da minha irmã Diza e ele vivia andando por lá. Quando comecei a lecionar no Estadual, o Mundico tava lá no meio duma turma de tipos inesquecíveis. Fui pra Teresina e o Belchior um dia apareceu querendo morar num quarto num casarão enorme que eu alugava ali quase na esquina da rua Pires de Castro com São Pedro, trabalhava com o cunhado no jornal dele e semre trazia umas reportagens de prefeituras do interior pra eu dar uma arrumada no texto (me dava até uns trocados por isso). Tempos depois virou bancário do Banco do Brasil trabalhando na agência de Altos. Toda vez que andava por aqui encontrava com ele. Agora que voltei pra cá, raro é o dia em que não topo com ele ou ligo pedindo um ingresso pra ir assistir aos veteranos do Flamengo ou tentando filar (vai nessa Judilão, o cara te adora...)uma carona daqui pra Teresina ou de Teresina pra cá... É prissiga, mesmo... O Brecha, com aquele jeito aparentemente nervoso e agitado, mora no coração de quem o conheceu ao longo desses anos todos... O Netto que era mais vizinho dele do que eu é o cara certo pra evocar a trajetória do maluco...

Pedro Pereba disse...

Mundico que diacho de camisa de juiz é essa? Ou tu levou foi a do bloco Piratas do Samba?

Silveira Lacerda - De Niterói (RJ) disse...

O que que uma pessoa não faz pra subir na vida: no caso do ator Toni Ramos, foi bater pelada em Teresina com a mediação do Belchior Neto. Pois não é que deu certo! Que pé frio que nada, rapaz!
Um abraço.

Elvira Barrymore disse...

Geente, as pernas do Mundico eram páreo duro para as do Toni Ramos. Melhor nem pensar que a velhice diminui as pessoas fisicamente e a osteoporose faz o resto do estrago, né Mundico?
Deixa eu ir tomar minha dose diária de Calcigenol. Nunca, jamais padecerei de velhice.
Brasília maltrata meus lábios nesta época do ano.

Milton - de Goiânia disse...

Mundico quer dizer que o teu negócio era testar carro dos outros? Primeiro quis saber se o Karman Ghia do Olavo era também anfíbio, depois lendo um papo teu com a Lusmarina ali em baixo, tu andou carcando o pé no acelerador de um Maverick azul PISCINA. Tu tinha mania de botar carro na água por quê? Belchior se tu tivesse entrado na Marinha teria sido um ótimo motorista de submarino.
Que figura que o Nettão tá revelando para a atual geração de Bitorocara. De uma coisa tenho certeza, tua vida foi mais empolgante do que as monótonas vidas de milhares de pessoas que não arriscam em nada. Só acerta quem arrisca. Parabéns.

Belchior Neto disse...

Amigos, "tio" Zam, Silveira, Elvira e Milton o Netto sem querer deixou-me nos braços(pés) dos internautas com essas amostras. Mas, mesmo assim digo obrigado pelos os comentários. Gente penei um bocado e também tive em prazer de conviver com pessoas e coisas boas nessa jornada. Filho de pais de poucos recursos e mesmo trabalhando mais que atrapanhando conseguir chegar até aqui.
Quanto aos carros - o Maverick não foi mergulhado não - dos amigos eu até hoje agradeço a todos eles pela confiança que a mim foi depositada. Ao Pereba afirmo que a camisa de juiz não era dos Piratas do Samba não, naqule época era moda os "juizes" vestir roupas assim. Vai se preocupar com isso nâo. Sim Elvira o tempo não foi sufiente para tanto estrago, ainda matenho um físico.Se não fosse uma barriguinha...
"tio" ZAN sem problemas estamos juntos nesse jogo da vida.
Inté.

Bezerra - Do Rio de Janeiro disse...

Este é o Mundico, que como diz o Netto, está com visual do escritor americano/cubano, Ernest Hemingway.
Essa Rua do Sol deu cada figura!
Estamos na área novamente. Interessante é que, pelos comentários, por essa turma, o Netto não tiraria férias, ou se tirar, tem que levar um netbook pra atualizar no intervalo do cachçal muito comum na nossa terra.
Té!

Florêncio disse...

Falar em praça Zé Miranda, cadê a Ana Paula, pessoal da vizinhança? rapaz foi uma das menina mais mau elementa que já vi,outro dia eu pensei, nós perdemos um acontecimento que talvez fosse o mais importante da garotada daquele tempo, uma briga da Mônica com a Ana Paula no meio da praça Bona Primo com o Belchior apitando, êita diacho.
Agora já era, elas já devem ser bisavó.

zan disse...

Deixa quieto, Florêncio, deixa quieto...

Ananinha disse...

Ta faltando os comentários do judilão e do Zan.
Judilão não fique longe da gente, voce ta fazendo muita falta.
Saia dessa fazenda e volta pra civilização campomaiorense.
Esse blog sem os comentários do Judilão e do Zan não tem graça.
Judilão voce faz falta meu amor.
Beijos

Ana Júlia

Ananias - Imperatriz disse...

Esse belchior é muito é barca furada e bocão.

Anônimo disse...

Queria saber sobre a historia do relógio de campo maior

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