terça-feira, 13 de abril de 2010

Um "Quarteirão" na Bandolins...

Antonio de Pádua Freire, o "Toinho da Isabelona", nasceu em 14/11/1945, filho de Miguel João e Isabel Rodrigues Freire (Zabelona), suas duas irmãs se chamavam: Francisca Rodrigues da Paz e Raimunda Freire. Aos vinte dias de nascido é entregue pela mãe aos cuidados do casal Anastácio Lopes Madeira e Altina Magalhães. Foi recebido na pia batismal da Igreja de Santo Antonio pelo Padre Mateus e teve como madrinha Dona Maria Inocência. Na sua infância gostava de jogar bola e de mergulhar nas águas do Rio Surubim. Ainda moço casa-se com Dona Rosinha Guilhermina de Araújo e com ela convive por 29 anos, o casal não teve filhos. Em Campo Maior residiu na famosa Rua dos Bandolins.
Ele nos conta que sempre gostou da boemia e que muito jovem ainda começou a freqüentar bares e "ambientes" da Rua Santo Antonio e Zeca Mendes, mas seu lugar preferido era o cabaré da Chica Baguio, que ficava ao lado do Sonho Azul, de propriedade da sua mãe, Dona Isabelona. Toinho prossegue a narrativa de olhos marejados lembrando das festas animadas pelos sanfoneiros Chagas Sintonio e Chico Idelfonso. Lança um olhar perdido em direção ao passado e fala das parceiras nas grandes noitadas, cita a Maria do Carmo, a Dente de Ouro, a Xixica Mal Acabada, a Maria Pajeú, Maria dos Prazeres, a Foquita, a Grelo Seco e tantas outras que deram a sua contribuição aos que buscavam diversão. Conta ele, que as noites eram regadas por muita bebida, e a sua predileta era a tequila, mas que também apreciava o Cinzano. As noitadas eram animadas e vez por outra aparecia um para perturbar; o mais inconveniente depois dele, é claro, era o Manuel Cangalha, que segundo ele, era um “bicho” que dava muito trabalho. Quando a coisa engrossava um pouco, vinha a turma do Tenente Sebastião para acalmar os afoitos, fala no valente Soldado Caninana e diz que dele não sente saudade. Interrompe a narrativa e de punho cerrado vibra ao escutar Perfídia, começa a cantar e diz: “Oh porra! Bota mais um quarteirão!”, levanta-se e ensaia alguns paços, segue cantando. Seu repertório é rico, conhece de cor todas as músicas que marcaram sua época. Faz uma pausa, senta novamente e procura nos bolsos uma papelina que logo recheia com o bom e velho caipora retirado de uma lata de leite enferrujada e entre uma baforada e outra continua sua história. Fala nos figurões da cidade, nos padrinhos que adotou de coração: Padim Valdek Bona, Padim Zé Olimpo, Padim Turuka, pergunta se estão vivos e lamenta suas ausências com um profundo suspiro dizendo: " Oh Meu Deus!", e exibe um sorriso triste.
Essa lenda viva reside hoje em Teresina, foi acolhido pelo abrigo São Lucas e mora na companhia de muitos campo-maiorenses ilustres que como ele, ficaram esquecidos pelas famílias e pela sociedade. O nosso Toinho da Isabelona cultiva um sonho, tem esperança de rever seu Campo Maior. A campainha toca, é hora do almoço, hora de ir embora. Ele se despede com um abraço e nos lembra da promessa feita por nós na chegada: “ E aquele negócio? vai dá certo? minha latinha tá daquele jeito! tu não te esquece, ói lá...  (Simão Pedro)

28 comentários:

Anônimo disse...

Netto,
Tu queres ver o Toinho pegar "AR"?
Pergunta aos cruzetas do Júnior do Chico Araújo e ao Helmo cabelo de égua que eles te dirão o apelide dele...
"TRABALHADOR"...

Simão Pedro disse...

Anônimo, graças a Deus essa criatura está a salvo destas duas peças boas, imagino seu sufoco diante da brincadeira.

Francisco Macedo Júnior disse...

Indéa, o que é que é isso?

Simão Pedro disse...

Indéa,Indéa... tu era danado demais, quando se juntava com o Elmo fazia a praça tremer.Hoje, graças a Deus,são dois cabras comportados.Domingo verei o Toinho e testarei sua lembrança;ainda hoje é zangado,e quando está aperreado gagueja como um danado.

Anônimo disse...

Simão

Este cruzeta do Júnior faltava matar o Toinho o chamando de "TRABALHADOR". O apelido já diz tudo, cabra esforçado todo.
Até pouco tempo atrás podiamos ve-lo o sol a pino, sentado no chão escaldante, pernas cruzadas, chapeu no chão, mão esticada a pedir algum trocado na calçada larga em frente o Palácio de Karnak. Como passo diariamente naquele local, senti sua falta, pois chamava atenção sua figura. Mas, CONHECENDO o cruzeta do Júnior, se ele passasse lá, com certeza gritaria "TRABALHADOR!!!!!".

Helmo Bona Andrade

Horácio Lima disse...

Normalmente os lares dos idosos esquecidos pelas famílias, são administrados por pessoas da comunidade que sempre se preocupam com o bem estar social e com a inclusão social, além de garantir os direitos dos idosos, às vezes com muitas dificuldades financeiras.

Bela narrativa Simão Pedro.


HL/SP

Nonatinho disse...

Simão

Tô gostando da suas narrações dos contecimentos de nossa Campo Maior bem como de procurar encontrar figuras que faz lembrar nossa bela cidade daquele bons tempo.
Fiquei imaginando se você ainda tomace umas e outras, como seria?
Um abraço.
Nonatinho

Antonio de Souza - De Cuiabá disse...

Legal a narrativa do Simão Pedro sobre o xará Antonio. Eu me lembro, passados 52 anos (minha idade atual), dessa região da Isabelona, principalmente pela frequência de certa forma assídua ao local (e que não frequentou?). Mas, também pelo antigo Campo do Pacífico, onde hoje, ao que parece, existe uma escola, na Rua Coronel Pergentino Lobão, onde morei até a adolescência, antes de vir para Cuiabá. Era legal a pelada diária no citado campo. Esse blog se supera com esse tipo de reminiscência.
A propósito, gostaria de saber quer é o Simão Pedro. Por acaso, eu o conheço? Suas "histórias" são legais.

Horácio Lima disse...

Nonatinho, por acaso vc é filho do Sr. João dos Couros? Irmão da Bernadete, Edvar?.


Hl/SP

Horácio Lima disse...

TOINHO, essa vai pra você.

E como um par
O vento e a madrugada
Iluminam a fada
Do meu botequim...

Valsando como valsa
Uma criança
Que entra na roda
A noite tá no fim....

Ela valsando
Só na madrugada
Se julgando amada
Ao som dos BANDOLINS....

(parte/trecho Bandolins/Osvaldo
Monte Negro)

HL/SP

Simão Pedro disse...

Nonatino não me faça relembrar daquelas presepadas, não tomo mais nehuma porque já tomei todas que tinha pra tomar,mas ficou a alegria e a vontade de brincar. O que vivemos juntos estará pra sempre aqui guardado,tou vivo ainda e vamos em breve nos encontrar.Um grande abraço.

Simão Pedro disse...

Quem sou eu !

Caro Antonio, sou o sexto filho do Turuka da Farmácia Popular. Morei ali na José Euzébio,834 ao lado das Casas Pernambucanas e estudei no Ginásio Santo Antônio. Você é um puco mais velho, tem mais ou menos a idade da Irene, minha irmã.

Simão Pedro disse...

Rapaz,o "quem sou eu!" ficou tão arrogante que quero me desculpar, retirem a exclamação,não fui feliz naquela introdução,um abraço aos amigos.

Valdenir disse...

Caro Simão Pedro,
Sua humildade não me surpreende, pois sendo filho de quem é, não poderia ser diferente.
A minha admiração e meu abraço.

Nonatinho disse...

Horacio Lima sou filho do sr. João dos Couros e pora tristeza de toda familia ele se encontra bastante doente.
Peço minha desculpa por não estar lembrando de voce.
Um forte abraço.
Nonatinho.

Simão Pedro disse...

Valdenir retribuo o seu abraço, sua opinião é um convite pra eu me esforçar ainda mais.

Horácio Lima disse...

Irmão Nonatinho não há que se desculpar, faço parte desta família pelo menos no meu imaginário quando eu morava ali na Cel. Eulálio Filho junto com minha avó Chiquinha e muita amiga da sua mãe dona Joaninha pessoa amável coração aberto, éramos vizinho do Valcir Carneiro pai do Leni e da Dadá quase em frente a sua residência e timidamente frequentava a sua casa a convite do seu irmão Edvar amigo das peladas ali mesmo na mesma Rua ou em algum espaço alí na estação ou nas proximidades do Cap. Ovidio Bona, onde reunirmos eu, Edvar, Fogoió, Bogó, Dindoba, Zé Didor, Antonio José da dona Belinha do Sr. Manoel Soares e tantos outros que fugiram da memória.

Lembro do seu pai com perfeição pessoa empreendedora onde era proprietário da Calçadeira Belém alí na Avenida Demerval Lobão, e naquele tempo eu já tinha esse dom de amizade, acredito que na minha adolescência só construí o bem para com as pessoas é evidente que as nossas feições faciais elas se transformam com o passar dos anos, mas nunca a essência, o respeito, a humildade e foi assim a minha permanência na Cel. Eulálio Filho, também morei no bairro Rabo da Gata, bairro Tombador até que construímos uma casinha simples de barro alí no bairro Matadouro onde os meus genitores residem até hoje no mesmo local e endereço e nas veredas da vida fiz muitas amizades e deixei uma legião de amigos que ficaram pra trás, uns já falecidos e tantos outros foram em busca de melhores condições de vida neste Brasil de tantas diferenças sociais.

Resido em SP há 37 anos com o mesmo empenho e responsabilidade nas minhas atividades, mas, a minha alma e pensamento está sempre voltado as minhas origens e graças ao Netto Bitorocara vamos nos reunindo e estreitando as amizades, estive em C. Maior em junho/passado após 36 anos não ter mais assistido um festejo de Santo Antonio, normalmente vou a CM em Janeiro de dois em dois anos e nesse passeio foi quando conheci o Netto através do meu amigo Zan ali no Big Pão.

Sou irmão do Di Paula onde o mesmo tem um comércio de Misturinha ali na José Paulino em frente ao Colégio Alfabetoc.

Irmão Nonatinho temos muitas histórias e lembranças e que na união dessa família reunida pelo o pai supremo Deus rogo as minhas orações para que o Sr. João se restabeleça desse momento difícil da sua vida.


Um abraço.

Durval disse...

Meu Deus de tudo que estou vendo neste blog me causa arrepio, lágrimas nos olhos e que espaço maravilhoso e bem utilizado, quanta saudade, alegrias e também quanta criatividade deste moço de Deus. Alguém aí já falou que o blog se supera o tempo todo, e eu digo pra nossa felicidade de ver uma coisa tão bonita desta na internet. Parabéns para nós todos.

Antonio de Souza - De Cuiabá disse...

Caro Simão Pedro, eu ainda não coordenei as idéias (tradução livre: não consido lembrar) a respeito do seu pai, o "seu" Turuka. De qualquer forma, reafirmo o registro de que suas narrativas sobre a história dessa nossa querida cidade são bem objetivas.
É oportuno lembrar que as Casas Pernambucanas (ainda existem aí em CM? Aqui em Cuiabá, a loja "sumiu", mas, depois, voltou) também foram um marco na cidade, no nosso tempo. Minha família era cliente assídua da loja, na Av. Demerval Lobão. Alí, eu frequentei muito o Bar do Capote, a loja de disco do Wanderley, a loja de variedades do Adão (onde gravava fitas-cassete), pagava prestação na Casa Lustosa... Tempimho bom

Ana Lucia disse...

Nonatinho, fico aqui rezando pela melhora do seu pai, o Sr. João dos Couros é uma pessoa de bom coração, tenho boas recordações aí da sua casa, quando eu era adolescente e andava muito por lá.
Dê um abraço em sua mãe e em toda a sua família.
Um abraço,
Lúcia Araújo

Valdenir disse...

Durval vc é filho de dona Teresinha? Irmão do Cazaca,do Carlito, do Cabé...?

Simão Pedro disse...

Antônio, você tá quase lembrando, a loja do Vanderley, era antes um anexo da Farmácia Popular,o ponto foi alugado para ele.No local da Farmácia funcionou a calçadeira do Gomes.Meu Pai desencarnou em junho de 1970 e a farmácia foi vendida ao Chagas Leite.A nossa casa ficava nos fundos.Alguns anos depois, o prédio foi vendido ao Banco do Nordeste.

Horácio Lima disse...

Netto, como sugestão crie a coluna "Que Fim Levou". Lembram do Machadinho?

HL/SP

João de Deus Netto disse...

Horácio, ela existe aqui com o nome de "Cadê Você?" Legal foi lembrar de que está na hora de voltar, ao lado do "Quem te Viu, Quem te Vê".
Valeu!

Erivan Napoleão Lima disse...

Conterraneos

Muito me alegro em testemunhar o bem que este blog faz a tanta gente. São depoimentos como os de Horácio, Simão, Antonio de Sousa, Ana Lúcia, que nos deu força para organizar e realizar com a ajuda de alguns amigos, o BitoroFest. Com certeza será um raro momento em que os olhos alimentarão nossa vagas e saudosas lembranças. Somente Deus sabe de nosso futuro. Venham todos para este festejo de junho de nosso Glorioso Santo Antonio e se possível, vá ao BitiroFest, senão reencontre seus amigos, conhecidos, professores, familiares, etc. Muitos de nós sentem saudades mas não se esforçam o suficiente para amenizar este sentimento.
Abraços a todos.

Erivan

Anônimo disse...

Caros amigos que fazem o BITOROCARA,parabenisos voces por esta pagina muito interessante para nnos CAMPOMAIORENSE, mais com relação a historia do Antonio de paula filho da famosa ZABELONO foi muito bem escrita, só que o nome da famosa madame era IZABEL mais era mesmo conhecida por ZABELONA E NÃO POR IZABELONA peço que os amigos corrigam o nome para que fique mais gostosa de se ler. Já na relação da festa do bitorocara não consta o nome do ANTONIO JOSE E SUA ESPOSA CARMEN, ele é um grande Campomaiorense daqueles que é chamado de Campomaiorense da gema filho da IRISDALVA MARQUES que é prima do ZÉ DE DEUS pai do NETO. Gostaria de ver o nome dele constando na relação dos convocados para esta belossima festa.abraços João Antonio Aragão.

Nonatinho disse...

Meu irmão Horácio Lima, só hoje foi possível entrar neste maior meio de cumincação entre os compomaiorense e por felicidade minha, deparei com o seu brilhante comentário,no qual voce falava dos nosso tempo de ouro que passamos na nossa bela Campo Maior, na rua coronel Eulálio Filho, meu olhos encheiram de lágrimas ao lembrar daquele velhos tempo.
Quero lhe informar que meu pai faleceu dia 23 deste, deixando muitas saudades para toda família.
Caso voce queira entrar em contato comigo meu mail é arodrigues47@hotmail.com, tel. (86)3276-1985 - (86)94050612. Moro em Piripiri, quando voce aparecer por Campo Maior, der uma chegada até Piripiri pois a minha casa estar de porta aberta para lhe receber.
Um forte abraço meu irmão.
Nonatinho

Kalina Saraiva de Lima disse...

que post sensacional!!!
obrigada pelas informacoes.
abraco
Kalina

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