quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

CAMPO MAIOR 250Anos



por Irmão Turuka


Detive-me outro dia a olhar os canteiros multiformes de variedades matizes, com que o atual Prefeito se esmera em mostrar aos visitantes a mais bela praça do Piauí, a Bona Primo [Jornal A Luta, 25/08/1968].

Lembrei minhas palestras com o Alferes Sinfrônio Olímpio do Monte, acerca do lendário Pelourinho, grosso tronco de madeira fincado bem no centro da praça, para vingar os “Brancos” das desobediências praticadas pelos “Pretos Escravizados”. Foram tantas as injustiças ali praticadas, que um dia as Forças da Natureza se revoltaram e despedaçaram-no com um monstruoso corisco (raio). Alguém tentou acalmar a fúria do céu, mandou construir uma pirâmide, com 4 degraus, onde os meninos brincavam. Teve a mesma sorte do Pelourinho, porque outro corisco a destruiu.

Em 1912 ou 13, o Mestre Paiva veio com uma Comissão de Engenheiros das Obras Contra a Seca escolher locais apropriados para três poços tubulares e sobre eles, três cata-ventos com caixa d’água metálica, para Campo Maior. Tentaram cavar um dos poços no exato local do Pelourinho, mas a broca enganchou de tal modo que tiveram de mudar para mais adiante do triste local regado com sangue africano. Mestre Paiva também deu azar. No mesmo ano matou seu amigo Cazuza Rego, por trás da Matriz (de Santo Antônio), depois de juntos haverem bebido uma pinga da Cana Limeira, na quitanda do Zeca Mendes.

Na velha Praça tinha de tudo: Grandes Casas de Comércio onde a filosofia dos donos era de que ”se conhece o pau é pela casca que o veste”, por isso ninguém relaxava a elegância. Tinha a Intendência, Fórum, Delegacia de Polícia e Cadeia muito perto, Juiz, Advogado, Farmácia perto, açougue, pelada, três setes, gamão e, sobretudo, brincadeiras de prendas e danças de rodas, onde os pequenos , moças e rapazes se divertiam e os mais idosos conversavam nas “bocas da noite”.

Irmão Turuka (Antônio Andrade Filho). Comerciante (Farmácia), espírita, contista, memorialista, cronista, contador de “causos” e jornalista. Nasceu e faleceu em Campo Maior (*26/01/1924, +28/06/1970).


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DODÓ PORTELA

Conhecida com o sobrenome de Portela, por ter aparecida em Campo Maior, trazida pelo Padre Benedito Portela no início do século (1904?). De origem maranhese (Picos, atual  Colinas-MA), supõe-se descendentes de escravos. Após o falecimento do padre, passou a morar alternadamente em diversas casas da sociedade campo-maiorense. Tornou-se figura muito popular e faleceu provavelmente com mais de 90 anos. A negra Dodó é citada em crônica doIrmão Turuka e no livro “Memória da adolescência”, de Francisco da Silva Cardoso.

Fonte: Geração Campo Maior – Reginaldo Gonçalves de Lima.

10 comentários:

WASHINGTON ARAÚJO, disse...

Eis a melhor parte do BITOROCARA: relatos da nossa história, dos costumes do nosso povo. As crônicas do Irmão Turuka, perpetuadas nas páginas do "A Luta" sempre trazem valiosas informações sobre os primórdios da nossa bela cidade. Temos um rico passado que merece ser resgatado para o conhecimento das novas gerações. E não faltam filhos de nossa terra com preparo intelectual e gosto pela investigação histórica para resgatar do esquecimento as muitas histórias de Campo Maior, que não se restringem à heroica Batalha do Jenipapo. Elmar Carvalho, ZAN, Marcos Vasconcelos, João Alves Filho e muitos outros, historiadores ou diletantes, mãos à obra!

Simão Pedro disse...

O Alferes Sinfrônio, meu trisavô, era o velhinho mais simpático da cidade.Sua pele era cor de rosa e usava um bigode branco, muito discreto que enfeitavam suas faces risonhas.Os cabelos pareciam flocos de neve.Vestia-se de forma impecável com os seus ternos bem cortados,feitos de linho branco. Na cabeça,um elegante chapéu e pra completar o visual,carregava uma bengala torneada que facilitava sua locomoção. Após ficar viúvo de Dona Ana,irmã mais velha da Tia Briolanja,foi residir na casa da sua neta, Dona Anita Pereira, minha avó,que era casada com o Sr:Antônio Andrade. Pai Sinfrônio,tinha por hábito visitar todos os dias a casa das suas filhas e os parentes mais próximos.Saía de casa pela manhã, retornando pontualmente ao meio dia.Após o almoço,deitava-se na sua redinha de tucum e entre um balanço e outro, contava histórias de nossa terra para o seu bisneto Turuka.

zanzando na rede disse...

Dodó era uma das pessoas que eu achava mais engraçadas quando eu era menino. Eu prestava atenção que ela estava sempre falando alguma coisa, mesmo quando andava sozinha pelas ruas da cidade. Lembro que ela não gostava de meninos salientes e trancava a cara quando algum vinha com alguma graçinha com ela...

M Aurea disse...

Sinfronio era meu bisavô,pai de minha avó Lelé,que era mãe de minha mãe Aurea.


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Anônimo disse...

Detive-me outro dia a olhar os canteiros de variedades...Que nostalgia essa visão poética do Irmão Turuka nos traz nos dias de hoje.O campomaiorense e seus administradores parecem que perderam o encanto pelas praças, e as desprezaram.A praça Bona Primo, que o Irmão Turuka a qualifica como a mais bela praça do Piauí,teve na administração do prefeito João Félix uma atenção especial, realizando uma reforma que a deixou mais bela.Mas o que se observa é uma falta de conservação, de zelo por parte da municipalidade.A praça Luiz Miranda, onde fica localizado o Palácio das Carnaúbas, sede do governo municipal, é o exemplo maior de desprezo.Jardins mal cuidados, sujeira por todos os cantos e o que é pior criadouros do mosquito da dengue.É só o que se vê, garrafas, copos, tampinhas espalhados por todos os canteiros.Uma praça foi doada a uma instituição para a construção de um complexo de ensino e formação profissional.Muito bem-vindo este complexo.Mas teria que ser construído numa praça? Por sinal abandonada.E assim muitas outras praças da cidade são exemplos que comprovam, o quanto elas são desprezadas. Espera-se que o orgulho e o amor demonstrado pelo Irmão Turuka, nos idos de 1968,e que estão adormecidos nos campomaiorenses, possam despertar desse sono letárgico, e os jardins das nossas praças possam voltar a florir para a alegria de todos.

José Miranda Filho disse...

Estão vendo como não podemos falar mal de ninguém? Todo mundo, em Campo Maior, é parente de todo mundo...! De repente (quando menos esperamos), metemos a pua em cima de alguém aos ouvidos de alguém que é parente daquele de quem estamos falando mal. Por sinal, já ocorreu comigo nos dois sentidos. Portanto, experiência própria.

José Miranda Filho disse...

Podemos constatar como não andam bem as administrações públicas em nossa cidade: a praça onde se localiza a sede desse Poder, o Executivo, o palácio onde trabalha o prefeito, se apresentando nas condições relatadas - e denunciadas no comentário logo acima -, é triste sinal de que pouco devemos esperar dos gestores nos quais a maioria do nosso eleitorado vota, escolhendo-os para cuidarem dos interesses de todos.

Anônimo disse...

amigo Zé Miranda é verdade a classe politica é uma instituição falida pois não temos em quem confiar para nos representare e administrar o nosso país estado e municipio porque cada qual é pior, basta ver o historico de cada um que esta lá ou já passou por lá fais pena para este nosso país que é tão bom pena que a gente olhe e não veja nenhum homen que queira ser nosso representante que a gente diga e honesto tem as mãos limpas. abraçop Joao Antonio

Anônimo disse...

Amigo Zé Miranda eu quiz dizer faz pena e não fais, e tambem esqueci de falar de pessoas como os ex prefeitos de Campo Maior cito Prof. Rimundinho Andrade, Tenente Jaime da Paz,Dacio Bona, Zé Olimpio,Prof.Raimundo Santana e muitos outros anteriores que realmente eram eleitos e procuravam trabalhar pela instituião estado país ou municipio.ab João Antonio

José Miranda Filho disse...

Amigo João Antonio, desculpe minha demora na observação do seu comentário ali. Você ressaltou muito bem as exceções. É claro que não tive a intenção de atingir todos os nossos prefeitos. E os nomes que você enumerou, além de outros não citados, merecem todo o meu respeito e minha admiração. Foi oportuna sua intervenção.
Abraço.

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