quinta-feira, 1 de março de 2012

Alguns colegas do Colégio Estadual...

Fcª Teresa, Carlos Antônio, Zenita Pires e Hilson Bona
por Elmar Carvalho
Um pouco antes do início da solenidade de lançamento do livro “Educação e Educadores de Campo Maior”, de Sílvia Melo, conversei brevemente com sua irmã, a ex-deputada Margarida. Perguntou-me ela sobre em que época fomos colegas de estudo e sobre os nomes de nossos condiscípulos. Respondi-lhe que fomos colegas no Colégio Estadual, onde fiz a terceira e a quarta série do antigo ginásio, a envergar seu uniforme azul e branco, nos anos 1971 e 1972, salvo engano. Foram nossos professores, entre outros, Dr. Hilson Bona, Francisca Teresa Andrade, Luís Francisco Miranda, Eidene, Aracéa de Araújo Rodrigues e o advogado e colega de meu pai no antigo DCT, Francisco das Chagas Moreira e Silva – Dr. Chaguinhas, que nessa época ainda se aventurava a jogar bola; era pai do meu amigo Zé Moura, que ficou na história do futebol campomaiorense. Nesse período, foram diretores do Colégio Estadual a professora Maria Zenita Almendra Pires Ferreira e o jovem advogado Carlos Antônio Souza.
Em 1975 fui embora de Campo Maior. Como não mais voltei a morar em minha cidade, é natural que tenha esquecido o nome de muitos de meus colegas de turma dessa época. De alguns recordo a fisionomia, mas não o nome. Não mais revi vários deles. Casualmente, tive a oportunidade de reencontrar menos de meia dúzia, ao longo desses 36 anos. A vida junta e a vida se encarrega de separar, cada um com as suas circunstâncias e injunções, na luta renhida pela sobrevivência. Além da Margarida Melo, fui colega da Jandira Leite Cavalcante, do Pedro, filho do senhor Agostinho da Água Branca, do Deus Luís, do Valdemar Higino, do Celso, do Otaviano Furtado do Vale e do Antônio Francisco Souza. O Otaviano era uma liderança esportiva. Irmão do grande craque Augusto César, de quem, no meu livro O Pé e a Bola, tive a oportunidade de dizer: “quarto zagueiro, bom no domínio, boa visão, inteligente (também bom no arremesso de copo)”. Em sua posição, com seu estilo clássico, elegante, foi considerado um dos melhores atletas de Campo Maior, tendo atuado em time da capital. Sobre o Otaviano, no referido livro, disse: “Recordo o campo próximo ao colégio Leopoldo Pacheco, em Campo Maior, onde jogava bola todo dia, sob a liderança do amigo Otaviano Furtado do Vale, o Tavico, jogador rápido, hábil e vigoroso, que transitava pela defesa e pelo ataque, funcionando como um coringa e líbero, com atuação predominantemente pela lateral esquerda; era uma espécie de capitão dos dois times, mas tinha o defeito de não gostar de perder, por mais amistosa que fosse a partida”.

Margarida, "Dema" Higino, Zé Moura, Augusto César, Carlito e Rui Lima.

O Deus Luís era filho do senhor Luís Pinto, dentista prático e colega de meu pai no velho DCT. Era uma inteligência viva e tinha notável senso de humor. Fazia gozação na base do improviso, aproveitando-se de eventual gafe dos colegas. Tornou-se funcionário de um banco federal. O Pedro formou-se em Direito e exerce a advocacia. O Celso, ao que me parece, era o mais velho da turma. Concentrado, focado sempre na explanação dos professores. Morava para os lados da estação ferroviária. Não tive mais notícias desse bom e aplicado colega. O Valdemar Higino tornou-se servidor do INCRA e hoje é maçom da melhor linhagem, respeitado pelos irmãos. A Jandira era filha do senhor Valdemar Cavalcante, que foi amigo de meu pai, mormente nos tempos da juventude. Graças a ela, que conseguiu um preço camarada com seu pai, como comemoração de nossa colação de grau, como se dizia na época, fomos, num dos ônibus da empresa V. Cavalcante, passar um final de semana em Fortaleza. Foi a primeira vez em que vi “os verdes mares bravios” de José de Alencar. Jovem e ainda um tanto afoito, acostumado apenas com as mansas ondinhas de nosso pequenino Açude Grande, fui “tirar onda” com o Atlântico; ao “pegar um jacaré”, imitando um banhista cearense, acostumado com as manhas das marés, fui levemente arrastado pela onda. Isso me ensinou a ser mais cauteloso, e a tentar driblar os perigos, pois, como já dizia Vinicius de Moraes, são demais os perigos desta vida. Por falar nesse grande menestrel, injustamente chamado de poetinha, vez que é um poetão, recordo que a Margarida tinha um álbum, em que anotava alguns poemas de sua predileção, sendo que um deles era um soneto da autoria desse bardo.
O Antônio Souza residia na Rua do Sol, de poético e brilhante nome, mas jogava futebol no campinho do Leopoldo Pacheco. Era também uma liderança do esporte, e organizava torneios pebolísticos. Atuei em algumas partidas por ele organizadas, a defender o time do Bartolomeu, hoje economiário, primo do amigo Zé Francisco Marques, que me recordou esse fato. O Assis Capucho, hoje neurologista respeitado em São Paulo, primo do Otaviano, também era craque desse time. O Antônio foi um dos colegas mais brilhantes que tive. Era bom em todas as disciplinas, fossem elas da área de ciências exatas, fossem da área de humanidades. Tinha uma memória elefantina, prodigiosa, e sabia de cor a escalação de vários times. E ao que parece não precisava estudar em disciplina espartana, a se martirizar em longas horas de estudo, porquanto jogava todo dia e frequentava as festas do Campo Maior Clube e do Grêmio Recreativo (e, talvez, ainda atacasse em bailes periféricos e alternativos, fora as tertúlias caseiras, então na moda).


Antônio B. Sousa, hoje, em Cuiabá, MT.
Fonte: Diário Incontínuo – Elmar Carvalho http://poetaelmar.blogspot.com/

5 comentários:

zanzando na rede disse...

Esse menino Deus, era uma figurinha engraçada, foi meu aluno no Colégio Estadual, 1969, Valdivino Tito. Eu nunca vi mais ninguém com um nome tão original e modesto...Onde andará Deus?

zanzando na rede disse...

Tavito era bom de bola e de matemática, Augusto César só era bom de bola. A mãe deles, a saudosíssima Da. Consolação, era muito minha amiga e eu tinha que ir dar reforço em casa pro nosso futuro quarto-zagueiro do Comercial poder aprender aquele ba-a-bá de álgebra e geometria...1969/70, no antigo
Got...

Antonio de Souza - Cuiabá-MT disse...

Meritíssimo juiz Elmar, agradeço a lembrança do meu nome na reminiscência sobre o glorioso, lendário e inesquecível Colégio Estadual. Se essa escola falasse... Mas, os amigos falam por ela. Como você, grande colega de sala de aula, juntamente com o Otaviano (Tavico), Dema Higino (grande figura)... Legal lembrar das peladas no campo do Leopoldo Pacheco, dos bailes (hoje, baladas) do Campo Maior Clube e do Grêmio. Dos antigos mestres, como Francisca Tereza (aquela que ensinava Português e dava para ouvir sua voz lá do outro lado do Rio Surubim), dona Zenite ("braba"), Carlos Antonio (tranquilo) e dr Hilson Bona (que dava aula de OSPB e de Moral e Cívica e acendia um cigarro na ponta do outro). Enfim, velhos tempos. Quanto ao fato de "dominar" as mátérias e de ser "brilhante", digo apenas que me esforcei. Sonhava ser médico, admiti a possibilidade de ser engenheiro, embora admirasse o Direito. Nem uma coisa, nem outra: virei jornalista. A afinidade com as Letras facilitou as coisas. Fico extremamente feliz em saber que você, Elmar, se tornou um grande jurista. Bons tempos...

Anônimo disse...

Caro Elmar,
Somos contemporâneos, entretano, mesmo estudando no Estadual nâo tive o prazer de estudar com você. Nosso relacionamento está alicerçado na "colegagem" dos nossos pais, ambos, dos Correios.
Moro em Brasilia. Trabalho na CAIXA Matriz.

Celson Jorge (Celsinho entre amigos campomaiprenses)

Poeta Elmar Carvalho disse...

Caro Celson,
Pensava que vc ainda morava em Fortaleza, pois na última notícia que tive sobre o amigo constava que era nessa capital que vc fixara residência.
Muitos anos atrás, quando eu morava na zona norte e fazia compra em supermercado do Mafuá, tive a satisfação de rever seu pai algumas vezes.
Vc pensa em retornar ao Piauí, ou esta possibilidade já não existe?
Vc, pelo que sei, sempre foi um aluno dedicado e brilhante, e fazia parte do jornal Mural que o nosso bravo editava no Colégio Estadual.

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