segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Prof. JOSÉ OMAR BRASIL

A história de Campo Maior se confunde com a civilização do Piauí. Infelizmente muito do que se registrou e se construiu ao longo de mais de três séculos de existência, pouco ou quase nada resistiu ao tempo ou aos instintos de destruição de alguns filhos ilustres desta terra. Estatisticamente, no Estado, Campo Maior é a comunidade que menos preservou a sua história, portanto paupérrima de memória. Tomando como referência as pesquisas do gigante campomaiorense, Padre Cláudio Melo, somente a partir da década de oitenta ficamos sabendo que Campo Maior não foi fundada por Francisco da Cunha Castelo Branco, como registrou a história (e que até hoje e continuará a ser, pelos séculos futuros pelo Piauí afora, ensinada nas escolas), e sim pelo Pacificador e Mestre de Campo, o português Bernardo de Carvalho e Aguiar. Para se ter uma idéia, até hoje desconhecemos, mesmo existindo vários vestígios de antigas e grandes fazendas seculares de pedra (que também não foram poupadas), no perímetro de Campo Maior, qual delas teria vindo a ser a Fazenda Bitorocara, o marco primeiro da povoação de Santo Antonio do Surubim, atual Campo Maior. Outro fato de pouca monta para muitos, mas que trouxe enormes prejuízos à nossa memória refere-se às manifestações internas acontecidas antes da Batalha do Jenipapo", em que, os patriotas revoltados com as atitudes do pároco português em não colaborar com o movimento separatista, em alvoroço invadiram a casa paroquial e incendiaram todos os registros da Freguesia, inclusive o Livro de Tombo da Igreja. E assim vai! Da memória atual, ou seja, do curto "ciclo áureo da carnaúba", em que muitas das imponentes e modernas estruturas foram erguidas sob a égide do ouro em pó, pouco restou que preservasse também essa outra parte da história.
Pouco a pouco o patrimônio público e privado de Campo Maior vai sendo dilapidado, nada restando de um passado glorioso e heróico, de gente simples, corajosa e altaneira, que possa ser preservado e repassado para as futuras gerações.
Neste momento em que a memória de Campo Maior, riquíssima em tradições, costumes e heroísmo e também pelo que representou para o Brasil nos campos do Jenipapo e para os irmãos piauienses no desbravamento empreendido pelo Mestre de Campo Bernardo de Carvalho e Aguiar que, partindo de Bitorocara, conquistou para o Piauí o atual território até o litoral parnaibano, é de vital necessidade que não deixemos rasgar essa página e, o BITOROCARA + vem fazendo esse resgate, recuperando a memória e a auto-estima dos campomaiorenses.
Parabéns!

Prof. José Omar é membro da Academia Campomaiorense de Artes e Letras -ALCALE
Fotos:Casa da dona Eulina Cardoso, depois Museu do Couro - Museu do Paulo&Bitorocara+

38 comentários:

Anônimo disse...

Grande José Omar, figura impoluta, parabens pela matéria. Como dizem, "Campo Maior, terra do que já teve" e não fica nem a memória.

Lamprega - de São Caetano - SP disse...

Os demolidores são as autoridades, os parentes dos falecidos donos e as chuvas cada vez mais forte por causa da destuição do eco sistema e que encontra tudo infiltrado e podre. Nos festejos eu vi uma casa vizinha ao armazém do seu Waldeck que foi ao chão e fiquei assustado como é que ainda tem um monte de gende que passa debaixo da marquize da cumprida calçada onde era o armazém do mesmo Waldek Bona. Vai ter que morrer gente pra derrubarem. Digo derrubar porque não adianta mais gastar dinheiro numa coisa daquela que já já vai pro chão. Duvido que alguém que esteja cuidadndo daquilo vá investir pra poder vender.
Mas Campo Maior tá muito bonita, se desse pra arrumar casas antigas aí ficaria mais bonita e ao mesmo tempo histórica.

Edmar Oliveira, disse...

o Mestre de Campo, "pacificador", Bernardo de Aguiar foi o mais ativo matador de índios da tribo dos Alongares. Os Castelos Brancos vieram matando depois. Já tá na hora da história deixar as mentiras da elite de lado. Adoro o Piauí, o Campo Maior, mas não podemos construir uma história dos vencedores, matadores dos nossos irmãos, a elite branca portuguesas. Somos os mestiços, filhos de Aguiar com as índias escravizadas. É mais que hora de defender a honra de nossas mães...
Edmar

Francisco Macedo Júnior disse...

Grande Zé Omar. Fico feliz por ter uma pessoa que nem voce pra tentar resgatar nosso passado. Não somos terra do já teve, e sim terra de heróis, heróis como voce Zé Omar, heróis como nossos pais que criaram e educaram os filhos na maior dificuldade e que nos deram o que somos hoje...
Parabéns Zé Omar...
Vá, continue fazendo o que o seu trabalho e resgatando a hsitória de nossa querida cidade...
Um grande abraço do seu amigo
Francisco Macedo de Araújo Júnior

Ricardo Reis disse...

Bela matéria, esta do querido amigo, Zé Omar. Como sempre, Zé Omar, busca resgatar a história, e os valores, muitas vezes esquecidos, da nossa bela e amada, Campo Maior. Parabéns, professor, o seu trabalho nos enobrece, e valoriza a nossa terra.

Edna Carvalho disse...

Edmar Oliveira, você tem razão, seu ponto de vista é exatamante o que se aplica nos currículos dos cursos de história atualmente.

Edna Carvalho disse...

Edmar oliveira, as estórias eram escritas/escrevidas por europeístas(na maioria padres católicos + elites alienadas pelo europeísmo. Aí disso deriva miutas reproduções , mas não são de graduados em história. O elmar Carvalho fica "P" da vida com as histórias que já se desumbilicaram do europeísmo.

Edna Carvalho disse...

Mas o Prof (grauado em Fisica) Zé Omar falou umas verdades com o coração, a sociedade de Campo Maior não preserva os patrimonios. e olha que o nosso querido Zé Omar não é natural de campo maior. talvez seja por isso que ele se preocupa. Parabéns Omar. Só tenha mais cuidado com o europeísmo relacionado a fonte claudiana.

Milton - de Goiânia disse...

Edna Carvalho, você sabe dizer pra quando tá marcado a derrubada do casarão do Major Honório? Aproveitem e detonem a casa da dona Briolanja e outras que ficam quase emendada. Lá no final, perto da casa do finado prefeito Zé Olímpio tem umas pedindo pra ser lavancada. Duvido que tenham peito pra mexer com o palácio do Bispo a quem eles beijam a mão numa cara de pau danada cheia de falsidade de olho nos votos dos fiéis.
E o Centro Operário que diacho ainda tá fazendo de pé?
Parabéns Campo Maior que o Zan quase viu nascer.

Lisete Lemos disse...

Edmar Oliveira, este Bernardo e o Domingos Jorge Velho tinham uma tara acima do normal em índias e negras. Depois matavam.

Arigó disse...

Oh Lisete Lemos, como é tu sabe dessas coisas muié?
Tu é antiga hein!!!???
Óia que já faz tempo que eles se foram pro outro lado...
Tu deve saber de mais coisas muié...

Edna Carvalho disse...

Milton, você usou a ironia certa, certíssima! Um que tá pra ser derrubado é o PALACETE DOS PACHECOS( aquele sobrado branco ao lado da casa do Dr. Dácio Bona), como sempre os herdeiros das famía num moram aqui e não preservam nada, venderam para um empresário local, a rádio baca-a-boca diz que será derrubado ppr esse novo dono para ser construído um hotel, e ironicamente o empresário é irmão do homem público que assinou uma lei do patrimônio local.

Lisete Lemos disse...

Arigó, eu sei mais sim, eu e a torcida do Flamengo, Vasco, Curíntia e todos os devotos da padroeira sabem, que o terceiro maior saliente furumfador de índias, eram os padres. Costume trazido da Europa onde os bispos eram donos até de prostíbulo, tudo com a complacência da viadagem encastelada sobre a proteção das suas bênçãos. Misericórdia! Quer mais? Procure ler mais,na internet também tem.

Ainda bem que agora tem esse blog. Tomara que não haja censura.

Milton - de Goiânia disse...

Edna, vou dar mais uma dica de uma linda e antiga casa que não merece mais está de pé. Trata-se da residência do finado Zezè Paz, antigo dono da famosa empresa de ônibus que deu nome à atual estação rodoviária. Fica de esquina com o antigo Samdu, atual INSS na praça da Bandeira. O Netto deve ter também fotos desses casarôes.
Quem é esse dando derrubador de memória, Edna?

zan disse...

Acho engraçado, pra não dizer outra coisa, como as pessoas conseguem se entusiasmar com essas datas históricas. Ando pela cidade e vejo coisas que me dão nojo. Por exemplo:dia desses tou esperando uma pessoa que fico de encontrar na rodoviária e assisto a desfile de Hylux cabine duplas (é, segundo o professor Augusto Pereira Filho, o fetiche de consumo da elite local...)passando ante os meus olhos vindo ali da avenida Santo Antonio, contei umas dez... Claro que póem vidros fumê pra gente não vê quem é que vai dentro do carraço... Recalque de pobre é foda, mas fazer o quê? O dinheiro que já ganhei aqui não deu pra comprar uma bicicleta de segunda mão...

zan disse...

Esse Milton de Goiania é uma piada (é uma espécie de zédaégua virtual), encontra sempre um jeito de me meter nas conversas dele... Esses casarões aí estão de pé porque tem gente morando neles e cuidam desses prédios, é o caso do casarão de Da. Briolanja, onde moram as pessoas que foram criadas por ela ou foram empregadas dela. Os casarões do centro que estão derruindo ou derruidos são os que eram casas comerciais, caso das ruas Santo Antonio e sen. Jose Euzébio.

zan disse...

No Centro Operário funciona um colégio particular, o casarão do Major Honório está vazio mas na casa ao lado mora gente. A casa onde morou o ZéOlímpio da Paz é na praça do Rosário e ontem mesmo passei por lá e aparentemente tá firme. A casa onde moraram as irmãs do ZéOlímpio, na parte baixa da Praça Bona Primo e que hoje pertence ao Neville Paz, está conservada e sem risco de cair...

zan disse...

A fofoca do palacete dos Pacheco ainda não me chegou aos ouvidos, mas prometo apurar. O que eu sei é o novo proprietário mora no prédio.

zan disse...

O casarão da viúva Zezé Paz virou um conjunto de lojas que não lembra nada o prédio antigo. Hospedei-me ali uma vez com a família nos anos 80, quando em férias. Nesta época a casa pertencia ao meu ex-colega do BB Aurino Silva.

Aldenora disse...

Pois é, mas continua a profanção histórica como essa da casa do Zezé Paz. Quem é que se astreve a dizer quem tá morando na casa do seu Ivon Pacheco?.

zan disse...

Esse negócio de lei de preservação de prédios históricos é piada pra boi dormir, o tipo da lei que no fundo é de um cinismo atroz, ninguém aqui leva aquilo a sério... Tem gente aqui que faz parte do Conselho que vai se pronunciar sobre o que a lei dispõe, que não entende o que tá lá na lei. Infelizmente é isso, sem meias palavras.

zan disse...

Não consigo nem me entusiasmar com a mitificação dessas figuras históricas que são objeto nestas ocasiões desse tipo de manifestação do ZéOmar, a quem admiro muito como pessoa, nem me indignar com o massacre dos índios perpetrado pelos colonizadores que aqui chegaram no século XVII. Eu tenho um amigo aqui que não se conforma com o fato de o Wellington Dias ser governador do Piauí porque se lembra de quando o hoje governador do estado entregava talões de cheque na Ag. do Bep da 13 de maio. Da mesma forma alguém da elite deve lá fazer comentários do tipo, olhando pra foto do governador:"Ué, não disseram que matamos todos os índios que encontramos aqui...?"

Dani Reis disse...

ÉÉÈÈÈ... O ZAN parace que também so´quer ser Europeu daqueles tempos tem complexo contra os Indios, e ele pra mim é bem parecido cú'índio, tirando os cabelos´, é claro. Na boa, sem desrespeito, tá?

Edna Carvalho disse...

Miltom, quem desrespeita e destroi o patrimonio é mesmo o descompromiso do povo local, nós é que temos essa de tacar a culpa só nos governantes, mas eles também tem o DNA do povo local daqui que tem sangue despreservador. A começar pelos herdeiros dos donos que se foram. E o casarão de ZEZÉ PAZ?? Bem, ha tepos que a especulação imobiliária-comercial o tombou "ao chão". Pergute ao ZAN se a famia dele preservou algo atual aqui?

Eddysom Pereira disse...

O Prefeito atual fez uma lei de preservar, mas só existe a lei sem os instrumentos de execução. O João Alves, metido como sembre, andea aí cuã estória de preservação. logo o João balaio????POde?

zan disse...

Dani Reis, tu não entendeu meu comentário, faz um esforçozinho e lê de novo; eu disse três coisas, uma opinião sobre a questão do massacre dos índios, outra eu contei como um amigo meu daqui vê o atual governador, a última é gozação mesmo, mas aqui já vi gente da elite chamando o governador de índiozinho, deve ser ato falho, o cara é descendente do pessoal que matou a indiada, a gente entende... Vá lá, vc. é inteligente..., faça um esforço e entenda o que eu disse...

zan disse...

Meu pai construiu a casa onde hoje é um escritório de contabilidade e uma residência, na rua sen. José Euzébio e perdeu ela numa hipoteca quando "quebrou", em meados dos anos 50. Casarão enorme, ia até o outro lado, na rua Santo Antonio. O proprietário atual, sr. Ribamar, só não conseguiu preservar a parte detrás, que dá pra rua Santo Antonio, que está derruindo, como quase tudo ali naquele trecho entre as ruas Siqueira Campos e o beco do Major Honório (não sei o nome certo daquela rua).

zan disse...

Ainda sobre o comentário do Dani Reis: meu avô paterno se dizia descendente do pessoal que chegou aqui no século XVII, com parentesco remoto (segundo ele) com o segundo governador Geral, no século XVI... Esse meu avô tinha ares de fidalgo, só andava com um paletozinho com colete por dentro, uma bengalinha transada e sapatos feitos por encomenda, sem cadarço (herdei essa tara dele, mas eu acho que era preguiça mesmo, no caso é ...) Por parte de mãe, meu avô de quem herdei o nome, era louro de olho azul (descendente por certo da galegada que veio do Ceará, vivia ali pela serra que separa o curral daqui do de lá, ou da Fenícia, eu acredito na história das setes cidades, no comunismo e em papai noel...), minha avó materna era moreninha e minha mãe tambémm. Claro que eu tenho traços de índios e de africanos, é só prestar atenção no jeito como eu caminho... Descendo de tudo o que é nobreza que vc. imaginar...

zan disse...

Ainda sobre o comentário do Dani Reis: meu avô paterno se dizia descendente do pessoal que chegou aqui no século XVII, com parentesco remoto (segundo ele) com o segundo governador Geral, no século XVI... Esse meu avô tinha ares de fidalgo, só andava com um paletozinho com colete por dentro, uma bengalinha transada e sapatos feitos por encomenda, sem cadarço (herdei essa tara dele, mas eu acho que era preguiça mesmo, no caso é ...) Por parte de mãe, meu avô de quem herdei o nome, era louro de olho azul (descendente por certo da galegada que veio do Ceará, vivia ali pela serra que separa o curral daqui do de lá, ou da Fenícia, eu acredito na história das setes cidades, no comunismo e em papai noel...), minha avó materna era moreninha e minha mãe tambémm. Claro que eu tenho traços de índios e de africanos, é só prestar atenção no jeito como eu caminho... Descendo de tudo o que é nobreza que vc. imaginar...

Dani Reis disse...

Zan , Tudo bem, me desculpe.

zan disse...

Dani Reis, tá desculpado... Reagi só pra esclarecer...

Dani reis disse...

Zan, é isso mesmo ,o mundo é de quem sabe debater, obrigado pelo debate.

João Valdez Veras Bona disse...

Outro patrimonio que os campomaiorenses estão "tombando" na pá , no picarete, eté nos tratores públicos é a linha férrea que passa na cidade!

zan disse...

É isso aí, Dani, a regra da boa convivência requer que a gente saiba discutir, senão vira guerra... Aqui, por exemplo... mas deixa pra lá, não tem clima, ainda...

Valdivino disse...

Valdez, eu conheço um morador da (ex)linha férrea que diz escutar depois da meia noite das sextas feiras uma zoada rápida de maria fumaça ali na saida já nos carnaubais. É o trem fantasma saindo cheio de passageiros e riquezas da nossa terra pra ser exportado pelo grande porto de Luiz Correia.
Sonhar, dependedndo do sonho até que é bom

Sarapó disse...

Valdivino tu anda assistindo muito filme de assombração na televisão depois de meia noite. Mais já pensou se fosse verdade?

zan disse...

Tenho escutado aqui umas conversas de que esta linha estaria sendo reativada. Tenho ido muito a Nazaré nos últimos dias e passou pelos trilhos pelo menos umas tres vezes. Parece que o governo federal tá querendo reativar. Em 1969, fiz uma viagem de Teresina a Campo Maior e não me arrependi. Demorava ums duas horas.

Valdir disse...

Alôô professor Zé Omar, o que vosmicê diz disso tudo? Enriqueça o blog com sua participação.

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